Quem não vivenciou uma série de resultados negativos, projetos fracassados, escassez de dinheiro, conflitos interpessoais, falta de incentivo ou de reconhecimento? Esses são alguns elementos que nos fazem esquecer o sentido de nossa existência causando-nos desânimo.
Saber as diferenças básicas entre os males psíquicos é de grande valia para quem quer se cuidar com responsabilidade e eficiência, pois nem toda inércia é preguiça e nem toda tristeza é depressão. Vejamos:
A Depressão é uma doença tratável. Compõe-se basicamente de distúrbio psíquico ocasionado por conflitos internos e alteração química no cérebro. Ela pode ser identificada em três níveis: Leve, Moderada e Grave de acordo com uma série de sintomas específicos. Deve ser tratada pelo médico psiquiatra através de psicofármacos e apoio psicológico através de terapia com psicólogo ou psicanalista.
A Preguiça é a aversão temporária, motivada ou irracional, a um determinado tipo de tarefa. Pode também ser uma defesa do organismo debilitado.
A Desmotivação não existe de forma genérica pois, se a motivação é ocasionada pelo conjunto de fatores psicológicos (conscientes ou inconscientes) de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, os quais agem entre si e determinam a conduta de um indivíduo, logo pode-se ter vários motivos para não querer ou precisar fazer nada. A pessoa estará motivada a inércia. O termo “desmotivado” só deve ser usado em relação a alguma coisa. Por exemplo: “Paulo está desmotivado com os estudos” ou “Ana está desmotivada com o namorado”, mas nunca “Rita está tão desmotivada ultimamente”.
Estar motivado é ter razões para agir, e agir. Estar animado é muito mais do que ter força, coragem, motivos ou razões para agir, é em essência ter em foco o significado da ação que se pretende realizar. Quantas pessoas têm motivos e razões para “agüentar” a instabilidade de humor do chefe ou a mornidão profissional, simplesmente porque têm suas contas para pagar ou têm que “honrar” um compromisso e “mostrar” que dão conta do recado? Já o animado, na essência da palavra - que quer dizer sopro de vida - transcende a razão, retro-alimentando a motivação com doses elementares de ideais próprios e que traduzem um estilo particular de viver, permeados de crenças e valores pessoais. É o ânimo que gera a persistência prolongada a despeito dos obstáculos.
Ao desanimado é comum adiar projetos, recusar desafios e evitar assumir riscos. A apatia e irascibilidade são explícitas nas pessoas portadoras de desânimo. E quem acolhe esse mal, tem dificuldade até de acreditar em elogios ou mesmo entender uma piada. Em geral o desanimado está sempre pensando que nada saiu ou sairá como planejado, ou ainda, que não há mais nada a fazer. O interessante é que o desânimo não vem só pela escassez, mas também pela abastança, quando os objetivos são alcançados e não se tem um pós-projeto para o sucesso. Quase todo mundo deseja o sucesso, mas poucos preparam um projeto para usufruí-lo. Neste caso é comum a pessoa sentir um “vazio interior” mesmo com muito dinheiro, fama e poder.
Alguns dos principais fatores que deflagram ou alimentam o desânimo são:
• Falta crônica de dinheiro
Vivemos em um mundo capitalista e consumista onde o dinheiro é o combustível que põe em movimento todo o sistema. Se por um lado o dinheiro representa realizações, poder e posses, por outro, sua falta simboliza um ultimato à sobrevivência.
• Constância de resultados insatisfatórios, nulos ou negativos
Esta é uma questão de perspectiva, expectativa e sobretudo inteligência. É uma questão de perspectiva porque nem tudo é tão bom como parece nem tão ruim como se costuma pensar. É uma questão de expectativa porque não se deve agir esperando a satisfação plena de todos, pois segundo o filósofo grego Epicuro, “nada nunca será o bastante para quem acha pouco aquilo que é suficiente”. E é sobretudo uma questão de inteligência, porque envolve capacidade de adaptação e potencial de criatividade.
• Avaliação simplória de desempenho e resultados
É a avaliação ingênua, sem base substancial e por isso infundada. A pessoa “mina” o seu próprio caminho e assim estabelece um resultado prévio, geralmente negativo, para justificar sua máxima: “Não sou bom o bastante”.
• Falta de retorno (feedback) de seu trabalho
As situações onde o elogio e o reconhecimento são poucos praticados ou erroneamente confundidos como instrumento de manutenção do orgulho – e por isso evitado a rigor, também esvaem o sentido de qualquer ação interferindo de maneira drástica na história profissional e pessoal, “respingando” em outras importantes áreas da vida.
• Falta de apoio e incentivo
Esses elementos materializam o sentimento de pertencer reforçando o “espírito de corpo”, além de amenizar o sentimento de solidão, restauram as esperanças.
• Conflitos interpessoais
As relações onde as pessoas estão mais atentas aos erros e alheias aos acertos geralmente são mais instáveis e, por isso, mais vulneráveis ao desalento.
• Esgotamento físico e emocional
Ultrapassar os limites subjetivos do corpo e da mente, certamente sobrecarregará nossos órgãos e sentidos promovendo uma distorção da percepção real que temos dos acontecimentos. Como já dizia o cantor Renato Russo, “muitos dos nossos medos nascem do cansaço e da solidão”. Consideremos estes três elementos: cansaço, solidão e medo como adubos potenciais para o desânimo.
• Descuido pessoal
Há também que se orquestrar com muito tato e bom senso as três áreas da vida: a biofisiológica, a psicossocial e a espiritual. Uma não existe sem a outra. Não há nenhuma mais fraca nem mais forte. Uma dá sentido à outra, e as três juntas, harmoniosamente, provêm o bem-estar necessário para a busca do sentido da vida que alimenta e sustêm o ânimo.
Conhecer o inimigo é básico para vencê-lo! Portanto, mãos à obra e esmere-se em desenvolver pensamentos e atitudes mais adequados, e que certamente ajudarão bastante no embate contra esse mal. Toda via é preciso reconhecer que cada atividade traz em si a oportunidade da experiência e a possibilidade do sucesso. O grande problema é valorizar mais o sucesso do que a experiência. Experiências são cumulativas e tornam-se “bagagem de vida”, já o sucesso, embora saboroso é totalmente efêmero. O sucesso não deve ser mero objetivo de vida mas, o resultado de um trabalho que tenha significado íntimo, e se possível, prazeroso, produtivo e rentável.
(extraído e adaptado do livro “Superando o desânimo – antes que ele supere você”)
Aprecio muito suas páginas na net, seus textos e reflexões.
ResponderExcluirParabéns pelo belíssimo trabalho.
Amei...
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