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domingo, 22 de março de 2009

Sê tu por inteiro, não pela metade!


Por Chafic Jbeili – www.chafic.com.br

Eu sempre registro a palavra que mais ouvi durante a semana que passou e a utilizo em minhas reflexões. Desta vez foi a palavra “meio” (de metade): meio do caminho, meia-colher, mais ou menos, meia-sola, meia-vida, meio chateado, meio otimista. Pensei nas coisas que não são e mesmo assim não deixam de ser. Na mediocridade da vida de quem é meio vazio e meio cheio; que vive na mornidão de sua existência. Não importa o que você peça a estas pessoas, elas farão tudo pela metade. Irá parecer que é má vontade ou preguiça, mas na verdade é apenas o reflexo de uma meia-existência.

Por isto pensei em como estas pessoas têm vivido pela metade, amado pela metade, estudado pela metade, se alimentado pela metade, conversado pela metade, trabalhado pela metade, prosperado pela metade e talvez por isto também tenham estado feliz pela metade. É uma pena, pois não importa a quantidade de tempo que elas irão viver, viverão no muito somente a metade. É para andar no caminho do meio, do equilíbrio e não para ficar no meio do caminho. Diga isto a elas, por favor!

Como psicanalista, percebo que quase a totalidade das angústias e ansiedades reclamadas em consultório é sempre por algo ou alguém que está engastalhado no meio do caminho. Tudo que se inicia ou termina é sempre muito mais saudável do que aquilo que está estagnado na metade do percurso. Um espinho na traquéia, o ovo atravessado, uma resposta que não se recebe, a carta que não chega, um processo que não anda, o exame que não sai o resultado, um pedido que não se ousa fazê-lo, a raiva não elaborada, a vingança não praticada. Tudo isto alimenta o medo que persiste latente e agrava a dor que aperreia a alma. É incrível a quantidade de pessoas que aprisionam e torturam a si mesmas e a outras pessoas por causa de decisões não tomadas e dúvidas que se perpetuam intactas.

Quando servi às forças armadas aprendi que tudo que merece ser feito, merece ser bem feito com início, meio e fim; e tudo que se faz pela metade, terá que se fazer de novo. Trabalho malfeito é trabalho refeito, dobrado. Mas infelizmente não dá para viver de novo depois que a vida acaba. Não dá para amar de novo depois que se amou. Não dá para refazer o que meias-palavras desfizeram. Um serviço mal feito é sempre um desserviço, antes não tivesse sido feito.

Toda oportunidade é única em seu tempo, nada se vive duas vezes no mesmo arranjo temporal. Cada oportunidade é a chance que se tem de fazer bem feito, por inteiro, por completo. Toda obra de arte só é arte porque foi feita por inteiro. Não se retoca a tela mal pintada, o momento de amor mal amado, o beijo mal dado, o abraço mal ajeitado, a palavra mal colocada. O pedido de perdão ou o arrependimento é o retoque daquele que fez mal feito, de qualquer jeito, pela metade, do contrário não precisaria pedir perdão ou se arrepender, quiçá retocar.

Nem no Livro Sagrado cristão o meio termo é bem visto. Deus disse que estava a ponto de expelir de Sua boca a Igreja de Filadélfia, porque era uma igreja morna; comparada a água, antes fosse fria ou quente, mas morna era difícil de suportar. Assim são as pessoas que não se decidem, não se posicionam, não avançam nem recuam e por isso nos causam aborrecimento.

É vero que o tempo nos cobra tudo que fazemos sem ele, então marque um tempo para tudo que está solto em sua vida, e para cada coisa que você propuser marcar um tempo determinado viva-o ou realiza-o por inteiro. Marque um tempo determinado para eliminar uma preocupação, para trocar de casa, de cidade, de profissão ou de qualquer outra coisa que está pela metade em sua vida. Tudo que está morno, e porque não é quente, nem frio te aflige.

Porque as cerimônias tradicionais são tão glamorosas? Porque determinamos um tempo para elas acontecerem: Casamento, natal, aniversário, ano novo... E quando chega o tempo vivemos por inteiro e por isto sentimos falta quando se encerram.

Experimente listar as coisas que estão pela metade em sua vida e marque um tempo para completá-las ou eliminá-las. Livre-se da angústia de vivenciar as coisas pela metade, pois quem vive desta forma, não vive uma vida que valha a pena ser lembrada. Sê tu por inteiro em tudo que fizer, posto que és um ser inteiro e não pela metade.

Para que este texto fosse inteiro, precisei encerrá-lo com a célebre frase de Fernando Pessoa: “Para ser grande, sê inteiro: Nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive”.

Tenha uma vida admirável, suficiente e inteira!

Abraços fraternos,

Chafic Jbeili
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terça-feira, 17 de março de 2009

As cinco linguagens do Amor



por Chafic Jbeili - www.chafic.com.br

Já reparou como é crescente o número de pessoas que não se sentem amadas pelas pessoas que dizem amá-las? Porque será que isso acontece? Como pode tanto esforço não ser reconhecido pelo outro? Bem, é tudo questão de linguagens do amor.

Cada pessoa manifesta e recebe amor de um jeito muito particular. Não há uma linguagem universal do amor. Nem todos falam e escutam o mesmo dialeto do amor.

O dr. Gary Chapman identificou pelo menos cinco destas linguagens:

1-Palavras de afirmação: nesta linguagem é comum a pessoa expressar ou sentir amor por meio de elogios. Ela elogia porque quer também ser elogiada. Um elogio por dia pode ser suficiente para fazer crescer e sustentar um grande amor por décadas. Na maioria das vezes não é necessária nem uma frase completa, bastando uma mensagem no celular ou um bilhetinho no bolso com uma única palavra, como por exeplo: Delícia!

2-Tempo de Qualidade: aqui a pessoa privilegia o aspecto da atenção, do olho no olho. Ela larga tudo para dar atenção e para se sentir amada é necessário que o parceiro ou a parceira faça o mesmo. De futebol a novela que você preferir ao invés de dedicar alguns minutos de atenção pode fazer com que a pessoa se sinta "trocada" por estas coisas e então ficará com a sensação de que não é amada ou que é menos importante. Intorrompa algo que esteja fazendo, seja lá o que for e dedique uma troca de olhar...

3-Presentes: Esta é a linguagem mais comumente utilizada pelas crianças, mas também encontradas nos adultos que aprenderam ou preservaram este tipo de linguagem. As pessoas que utilizam desta linguagem para se sentirem amadas ou para expressar seu amor, devem ter sempre um presente, por mais singelo que seja, como protagonista de um encontro. Não é o valor do presente, mas o fato de ter pensado na pessoa e de ter lembrado dela de alguma forma. às vezes um botão de rosa ou um bombom já diz muito.

4-Atos de serviço: nesta quarta linguagem do amor, a pessoa sente que ama ou que é amada quando serve ao outro ou quando é servida pelo outro. Uma massagem, uma carona, buscar um copo de água, preparar uma refeição, ajeitar o cabelo, fazer um favor qualquer e ser solícita é também uma forma de dizer "eu te amo".

5-Toque físico: A carícia, o beijo, as mãos dadas, o andar abraçados é o cerne desta linguagem.

Porque os enamorados são sempre mais intensos e marcantes? Porque eles costumam ser poliglotas do amor. Usam todas as linguagens no jogo da conquista, mas depois que conquistam a pessoa amada, voltam a falar um único idioma e às vezes nenhum, deixando aquela sensação de vazio no coração de quem um dia foi galanteada(o)... que pena né!

Entende-se que quando o casal se limita nos uso das linguagens do amor para expressar o que sente pelo outro, nem sempre este outro se sentirá amado(a), pois pode ser que um utilize palavras de afirmação, mas o outro só se sentiria amado se a linguagem fosse de tempo de qualidade, compreende?

Quando Jesus esteve na casa de Lázaro, por exemplo, Marta e Maria usaram diferentes formas para expressar amor. Enquanto Maria dedicou tempo de qualidade a Jesus, tendo largado tudo para sentar aos pés de jesus e fazer "sala" para Ele, sua irmã Marta usou a linguagem de atos de serviço, tendo ido preparar algo para o mestre beber. As duas expressaram amor, mas cada uma a seu jeito.

Jesus utilizava de todas as linguagens com todas as pessoas, por isso, como ser humano, foi sempre muito intenso em suas relações afetivas com as pessoas.

Eu estou sempre observando as linguagens que cada pessoa utiliza para expressar seu amor, pois é esta mesma linguagem que quando utilizada a seu favor irá fazê-la se sentir amada.

é muito comum nos e-mails que recebo as pessoas retornarem com palavras de elogios (palavras de afirmação); outras oferecendo apoio (serviço); outras oferecendo textos, slides, livros (presentes); outras oferecendo beijos e abraços (toque físico) e outras oferecendo sua presença, ainda que online (tempo de qualidade). Eu fico extramamente feliz, pois percebo que cada qual expressa o seu carinho e sentimento de gratidão na linguagem de amor que conhece e utiliza, às vezes até inconscientemente.

Já pensou se usássemos o maior número de linguagens possíveis com as pessoas à nossa volta? Nossas relações seriam muito mais intensas...

E você, já descobriu qual a linguagem do amor que você utiliza? Como é que você tem dito "te amo" às pessoas?

Fica aí o convite para a reflexão!

Abraços,

Chafic Jbeili
Psicanalista e Psicopedagogo
CRPA-06/03-04 - ABMP-DF

Suporte e formação continuada para educadores
Tel. Residência: (61)3377-9175
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A sublime importância da presença!



Por Chafic Jbeili - www.chafic.com.br

A professora faz a chamada: “Fulano!”... e imediatamente se ouve “... presente!”. O aluno prontamente responde, pois é a garantia de sua assiduidade, atestada pelo pontinho de caneta esferográfica no diário de classe. Uma dinâmica simples, corriqueira, sem maior importância no contexto da rotina. Não para os olhos do poeta, para os ouvidos de um psicanalista ou para o coração de uma mãe. Sem importância? Não para a pessoa sensível e atenta, talvez seja sim, para o rígido e incompassivo superegóico.

Por causa da presença o filho procura o pai. A mãe olha atenta para encontrar o filho. Os enamorados anseiam pela hora do encontro. O comerciante arruma tudo esperando o cliente. O jogador se anima com a torcida. O anfitrião prepara a festa. O cônjuge prepara o jantar, a roupa mais provocante, o olhar mais excitante, a frase mais impactante. Todos anseiam pela sublime presença de alguém.

A presença do outro é a percepção e certeza de sua própria presença. Não deve estar apenas o corpo presente, mas junto com o corpo a alma: o incomparável frasco dos pensamentos, das emoções e dos sentimentos. O espírito completa a tríade que forma o ser humano. Corpo, alma e espírito, juntos e inseparáveis honram a presença do outro com a bendita atenção, tão escassa no corre-corre do dia a dia.

A presença é sentida, marcada, vislumbrada, curtida, registrada, lembrada. A ausência dói, aperta o coração, dá saudade, causa sensação de vazio. Presença física com absenteísmo da alma, do olhar, da comunicação ou do gesto amigo é pior que a ausência justificada, compreendida. é desprezo, é indiferença. Tanto que a sabedoria popular diz: “Não basta ser... (pai, mãe, amigo)... tem que participar”. Participar é “fazer” parte e não apenas “ser” parte.

Apenas “ser” é sinônimo de passividade; é como o lago que espera silente o que o rio tem a lhe oferecer. Estar presente é sinônimo de graça; é como o rio que corre e que flui. Por isso, não há plenitude de satisfação em apenas ser aluno, ser professor, ser pai, ser mãe, ser amigo, ser amante, ser cônjuge... A satisfação plena está na sublime importância da presença em corpo, alma e espírito!

A sua, a minha, a nossa presença é uma dádiva divina. Tanto que o Mestre dos mestres recomendou: “amar o próximo como a ti mesmo” e disse: “eis que estarei convosco até a consumação do século”. Quando oferecemos ao outro apenas uma parte de nossa presença, então o desonramos, o privamos daquilo que temos de melhor: Os olhos atentos para dizer que o outro me interessa; os ouvidos atentos para dizer que o outro me é importante. Quão ruim é ser cumprimentado sem ser olhado nos olhos...

Se for para estar presente, então que seja por completo, entusiasmando, que seja em plenitude de pensamentos, emoções e gestos. Quanto mais intensa e completa for a sua presença, mais marcante e sublime será a sua existência. Não se pode existir sem se estar presente. A presença é o reflexo de algo maior e mais representativo: a presença é o reflexo de nossa existência.

Construir uma existência marcante e sublime só pode ser possível com presenças pessoais marcantes e sublimes. Toda existência de uma pessoa nada mais é do que o conjunto de suas presenças. Presenças medíocres, existência medíocre. Quantas pessoas se fazem presentes e nem percebidas são? Precisam fazer barulho, acenar alto os braços, às vezes até perguntam: “Ei, não está me vendo não?”

Faça uma pausa agora mesmo, reflita sobre isso e a próxima vez que estiver com alguém, ainda que por efêmeros segundos, olhe bem fixo nos olhos da pessoa a sua frente e pense: “eu estou aqui com você de todo o meu coração e de toda minha alma”. Exercite isso e verá como a sua presença pode ser um presente para o outro e como a presença do outro pode ser um presente para você.

Presença plena é sinal de altruísmo e ausência de egoísmo. Presença parcial é egoísmo, ausência de sensibilidade, calor humano apagado.

Como você tem estado presente na vida de seus alunos, de seus professores, de seus filhos, de seus amigos, de seu cônjuge, de seu próximo? Lembre-se de que as pessoas que sentimos mais falta e saudades são aquelas que nos contemplaram com a plenitude de suas presenças. Sua presença na vida daqueles que te admiram e te amam é muito mais do que importante. Então, esteja e faça-se presente de corpo, alma e espírito, onde quer que esteja.

Abraços fraternos,

Chafic
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