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domingo, 29 de novembro de 2009

Pilar 5 da QVT: Integração social!

O quinto pilar da QVT: Integração social!
Chafic Jbeili – www.chafic.com.br

O tema integração social na empresa é um desafio enorme tanto para os gestores quanto para os membros de uma equipe. Fazer com que todos se dêem bem e trabalhem harmoniosamente é realmente uma arte.

Ser cooperativo onde há competitividade é, na verdade, uma neurose. Em termos práticos, não há como colaborar com um colega e torná-lo bem sucedido em uma situação em que cada qual precisa se destacar cada vez mais, até mesmo para garantir sua posição ou o próprio emprego.

A área esportiva, em especial, nas modalidades individuais como fórmula-1, natação etc é uma demonstração clara de que cada qual precisa dar o máximo de si sem que se cogite a possibilidade de apoiar o outro a vencer. De forma diferente, em um time de futebol ou de vôlei, cada membro precisa trabalhar colaborando com o colega para que o time, e não a pessoa vença a disputa. Muitas vezes há desentendimento dentro do time, pois há aqueles que querem fazer o gol para ganhar destaque especial.

Os exemplos do que acontece no âmbito esportivo pode ser facilmente reproduzido no espaço de trabalho de uma empresa ou de uma escola. Sempre haverá membros de uma equipe que trabalha sozinho e, por isto, adota estratégias individualistas e há também aqueles que necessitam um pouco mais de destaque e, então, mesmo trabalhando em equipe querirá um destaque especial.

Contudo, modalidades de esporte ou de comportamento à parte, a integração social não se limita ao modus operandus da equipe em si. Outras nuanças são necessárias para que haja alguma harmonia ou, pelo menos, que sejam preservados os direitos de cada pessoa que compõe uma equipe. Cada pessoa precisa ser respeitada em sua essência, mesmo que ela não concorde umas com as outras pessoas da equipe nos aspectos de gostos pessoais, de idéias ou profissionalmente.

Entre estas nuanças facilitadoras da integração social na equipe, Walton destaca ações que visam, por exemplo, coibir qualquer tipo de preconceito no ambiente de trabalho. Isto garante as condições mínimas de respeito. As brincadeiras de mal gosto, por exemplo, que aparentemente se mostram inofensivas, podem ser verdadeiras ofensas, como piadas que envolvem nacionalidades: turco, português etc, ou piadas com gaúcho, baiano, mineiro etc.

Freud dedicou um livro somente para falar sobre os chistes e a relação com o inconsciente. Toda brincadeira tem um fundo de verdade e traz uma revelação do que a pessoa realmente deseja. A ofensa em forma de brincadeira pode ser, entre outras coisas, a sublimação de uma opinião que se dita de forma convencional, séria, poderia configurar crime de discriminação.

Outra nuança facilitadora da integração social é o tratamento igualitário entre os membros. Quando uma pessoa é tratada de forma mais especial, com regalias e mais flexibilidade, enquanto outra pessoa da mesma equipe é mais cobrada e exigida, então há incoerência na gestão e ao invés de produzir harmonia será gerado ciúme e desavença entre os membros, tal qual acontece eu uma família onde os pais dão tratamento diferenciado ao cada um dos seus filhos. é preciso que haja uma única regra para todos. O que um pode, todos devem poder. As exceções de concessões especiais devem ser tratadas com todo o grupo, ao invés de ser uma decisão unilateral do chefe.

Outro aspecto fundamental é o espírito de equipe. O senso comunitário deve prevalecer na ambiência do trabalho. As palavras de incentivo e os elogios precisam ser dirigidos a toda a equipe e não apenas a um ou outro membro. As atividades colaborativas precisam prevalecer sobre as competitivas. Necessário se faz conscientizar cada integrante do grupo que o outro é responsabilidade dele também, e que ele é responsabilidade dos colegas. Assim, cada qual deve entender-se tanto como parte cuidadora do grupo como parte cuidada. Neste caso, vale a pena lembra o velho chavão dos mosqueteiros: “Um por todos e todos por um”. O trabalho das abelhas e das formigas é um bom exemplo de dinâmica para incrementar o senso de corpo no grupo. 

Enfim, a integração social é promovida, sobretudo, com ações justas e equivalentes para todos os membros que compõe uma equipe. Não pode haver espaço para distinções ou discriminações de qualquer natureza. As insinuações que evidenciem preconceito, racismo, distinções, privilégios e outros de igual teor precisam ser evitados e coibidos em favor da harmonia do grupo para que cada um se sinta integrado socialmente ao grupo de trabalho onde executa suas tarefas diariamente.

A idéia da integração social não é necessariamente fazer com que toda a equipe se entenda e todos se tornem grandes amigos uns dos outros. Na verdade, a individualidade deve ser respeitada e mesmo que haja discordância de opiniões entre os membros ou não saia uma grande amizade entre os colegas de equipe, cada integrante precisa se sentir parte igualitária do grupo, onde todos sentem ter a mesma importância para a instituição e, assim, decidam cooperar uns com os outros em prol do objetivo geral da equipe e não apenas de uma estratégia separatista e individualizada.

O quinto pilar da Qualidade de Vida no Trabalho é a integração social. Este pilar é perfeitamente adequado e aplicável em todo e qualquer lugar onde haja necessidade de ações conjuntas. Onde houver duas ou mais pessoas imbuídas em uma missão comum, ali deve haver integração social.

Prof. Chafic Jbeili
Psicanalista e Psicopedagogo
Diretor e editor Chafic.com.br - www.chafic.com.br
Diretor-executivo ABMP/DF - www.abmpdf.com
Presidente Sopensar - sopensardf.blogspot.com

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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Pilar 4 da QVT: Oportunidade de crescimento!


O quarto pilar da QVT: Oportunidade de crescimento!
Chafic Jbeili – www.chafic.com.br

Entre uma pessoa que acredita estar no caminho de sua realização pessoal e profissional; e outra pessoa que está infeliz e frustrada com seu trabalho, qual das duas você acredita irá ser mais colaborativa em uma equipe? Qual das duas oferece, em sua opinião, maior potencial de produtividade? Qual das duas você convidaria trabalhar ao seu lado?

A pessoa certa dependerá do que você tem a oferecer a cada uma delas! Não é o estado atual o mais importante, mas o que importa realmente é saber qual das duas está disposta a sair de sua zona de conforto, estimulada por sua proposta, pois, segundo John Kennedy, o conformismo é carcereiro da liberdade e inimigo do crescimento. Logo, a pior pessoa para trabalhar ao seu lado é aquela que de alguma forma não quer ou não aproveita as oportunidades para aprimorar suas habilidades e crescer na vida.

Há uma quantidade considerável de pessoas querendo ser promovida em seu ambiente de trabalho. Muitas almejam experimentar funções diferentes, ganhar mais, ocupar postos de chefia, ter novos desafios e até chegar ao cargo de diretor ou presidente, dependendo do setor ou da organização em que está lotado. Entretanto, nem toda pessoa aproveita suas chances e nem toda empresa está atenta a estas necessidades de seus colaboradores. Ambos acabam desperdiçando excelente oportunidade de motivar e manter elevada a própria moral e a moral de sua equipe.

Cada pessoa deve gerir e buscar o próprio crescimento, dando preferência à formação diversificada, continuada e constante na área de seu interesse profissional ao invés de esperar que alguém faça isto por ela.


Por oportunidade de crescimento entende-se toda e qualquer ação estratégica tanto da pessoa quanto da organização que possibilite crescimento pessoal e profissional, por meio de cursos de atualização e qualificação profissional, além de atividades culturais e desenvolvimento de sua espiritualidade.

Quanto mais culto, técnico e espiritualizado for um profissional, melhor será o seu desempenho para a empresa ou instituição em que trabalha.


As organizações focadas na produtividade e no alto desempenho oferecem aos seus colaboradores condições de crescimento profissional e a possibilidade de ascensão a cargos e funções, tanto no aspecto horizontal (cargos e funções de mesmo nível de enquadramento) quanto no aspecto vertical (cargos e funções de nível hierárquico diversificado).

Walton, em sua teoria sobre a QVT defende a idéia de que todo trabalhador precisa ter a possibilidade de seguir e prosperar em sua carreira, nutrindo a esperança de galgar postos cada vez mais altos e, obviamente, ter acesso a salários mais elevados como forma de agregar sentido às tarefas realizadas e assim oportunizar aos trabalhadores perspectiva mais condizente com suas expectativas de consumo e de realização pessoal.

Sobre crescimento pessoal, enfatizo a importância de as organizações elaborarem e manter programas de cursos in company ou mesmo liberar tempo ou oferecer ajuda de custo para que a pessoa tenha condições completar seus estudos, fazer uma segunda ou terceira graduação, especializar-se em cursos de pós-graduação, mestrado, doutorado etc. A perspectiva de crescimento pessoal e profissional gera gratidão, senso de zelo e fortalece os vínculos de compromisso do funcionário com a empresa, além de trabalhar sua autoestima e prepará-lo para assumir os mais altos cargos e funções que lhe forem possíveis.

A ausência de planejamento na área de Recursos Humanos que contemple medidas para o crescimento pessoal e profissional do trabalhador é um problema grave na maioria das empresas e instituições tanto do setor privado quanto do setor público. Tal lacuna administrativa compromete não apenas uma eventual futura recolocação do profissional no mercado de trabalho, mas mina a competitividade da própria empresa no mercado globalizado, degradando a qualidade dos produtos e serviços oferecidos.

Quando perguntamos por que certas empresas crescem tanto, mesmo em meio à crise mundial, ou porque alguns órgãos públicos são bem mais eficientes do que outros, basta verificar o sistema de gestão de pessoas com foco na qualidade de vida do trabalhador destas instituições e comparar com o sistema de gestão daqueles que não valorizam a sua força de trabalho, em especial não estimulando o desenvolvimento de seus funcionários.

Toda empresa é do tamanho de sua força de trabalho. Equipes estagnadas, desatualizadas e desmotivadas dão a personalidade exata do departamento ou da empresa em que trabalham. Cada organização trilha o mesmo caminho em que direciona seus colaboradores.


Nos textos anteriores, onde exponho minha opinião sobre os três primeiros pilares da Qualidade de Vida no Trabalho, aprendemos como é importante a remuneração justa e adequada, as condições de trabalho e a gestão por competências. Agora, no quarto pilar, aprendemos como é fundamental para o bem estar do trabalhador e a prosperidade das instituições oferecerem oportunidade de crescimento aos seus colaboradores.

Oportunizar crescimento é a essência do quarto pilar da qualidade de vida no trabalho, pois como bem disse o jurista norte americano, Oliver Holmes, “[...] o mais importante da vida não é a situação em que estamos, mas a direção para a qual nos movemos.”

Seja qual for a direção que você mover sua equipe, é para lá que você estará indo também!


Prof. Chafic Jbeili
Psicanalista e Psicopedagogo
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terça-feira, 17 de novembro de 2009

Pilar 3 da QVT: A Gestão das Competências!

O terceiro pilar da QVT: A gestão das competências!
Chafic Jbeili – www.chafic.com.br

Você já realizou ou realiza alguma tarefa que contraria profundamente suas vontades? Você já realizou ou realiza funções que afloram em você sentimentos de que está sendo subaproveitado ou que te faz sentir menor ou menos capaz do que você realmente é? Você já se sentiu violentado pelo trabalho que realiza? Enfim, quanto exatamente o trabalho que você realiza está aquém do seu currículo, de sua experiência e, principalmente, de suas vocações? Quão distante está o seu trabalho daquilo que realmente você queria ser quando era criança?

As crianças elegem seus modelos e suas referências. Estas referências são introjetadas ao longo do desenvolvimento e vão para um lugar chamado inconsciente, ficando fora do campo perceptivo, contudo tais referências permanecem latentes, determinando impulsos, influenciando escolhas.  Se essas referências encontrarem respaldo no DNA, potencializando as habilidades específicas, então se tornam a(s) vocação(ões). Uma vocação é o conjunto de habilidades específicas e de disposições internas que determinam as tendências profissionais de uma pessoa.

A gestão por competência tem como essência conhecer a vocação do trabalhador e localizar na organização a função que mais se enquadra às aptidões desse trabalhador, oferecendo-lhe oportunidade realizar tarefas mais condizentes com suas competências e interesses. Este tipo de gerenciamento de recursos humanos é um dos principais fatores de produtividade e tem sido implantado com sucesso em muitas empresas e órgãos públicos.

A responsabilidade na gestão da competência deveria ser primeiro do trabalhador (autogestão), mas este às vezes aceita participar de seleções de emprego e concursos públicos tendo em vista apenas a questão salarial e a estabilidade, arriscando assumir atribuições que contrariam suas vocações. Com o tempo, muita disciplina, profissionalismo e um pouco de sorte, poderá até aprender a gostar do que faz e fazer bem, mas nem sempre é o que acontece, não é verdade?

Lembro de uma jovem administradora de empresas que passou em um disputadíssimo concurso público para trabalhar no Supremo Tribunal Federal e, depois de sua posse, foi designada (por sorteio aleatório) para um departamento que cuida de processos obituários. Ela precisava ler laudos do IML e ver as fotos técnicas de cada processo, com detalhes da anatomia dos acidentados, cujo objetivo era atestar a procedência daqueles pedidos de indenização. Resultado: um ano e meio depois da posse ela estava com sua primeira licença médica, devido uma forte depressão que desenvolvera na realização de seu trabalho.

Na gestão por competências, certamente a designação do posto para análise de processos obituários seria dada preferencialmente a profissionais vocacionados à medicina, biologia ou enfermagem, mesmo que eventualmente tivessem graduações diferentes destas áreas, mas dificilmente seria dada a uma pessoa avessa a sangue, fraturas expostas e fotos cadavéricas. Entende a incongruência no método de designação de função por outro método que não o de gestão por competências?

Em toda organização existem os diversos departamentos: administrativo, jurídico, marketing, RH etc. Cabe aos gestores identificarem as vocações de seus colaboradores e fazer a recolocação adequada para que haja qualidade de vida no trabalho e, consequentemente, gozo e produtividade. Creio que boa parte das doenças laborais tenha vínculo com a má gestão dos recursos humanos.

Outro aspecto negligenciado na gestão por competência é quando o profissional está no departamento e funções adequados, mas o chefe imediato, por alguma razão de improbidade, insiste desviar de função determinado membro da equipe, atribuindo-lhe tarefas aquém das suas capacidades. Nada mais desconcertante, constrangedor e improdutivo tirar um técnico de trabalho específico que somente ele tem condições realizar para designá-lo realizar outras tarefas cujo cumprimento não exige maiores conhecimentos e que, na prática, qualquer outra pessoa poderia realizar.  É de fato incompetência do gestor, senão crime de improbidade administrativa.

Uma coisa é o funcionário ser humilde não julgando a si próprio como especial demais para realizar tarefas consideradas simples ou inferiores, a exemplo de profissionais que acham absurdo limpar a própria mesa, carregar apostilas para reunião ou mesmo devolver à copa a garrafa de café. Outra coisa é o profissional aceitar um emprego porque precisa daquele salário, sujeitando-se a tarefas e chefes que não levam em consideração sua capacitação e experiências, simplesmente ignorando suas competências.
 
No início do ano eu escrevi texto intitulado “Freelancers da Educação”, fazendo analogia sobre pessoas que fazem “bico” como educadores. O problema é exatamente este: fazer bico em trabalhos que a pessoa jamais se imagina realizando e no final acaba violentando a si mesma. O resultado é sempre desastroso para todos os envolvidos.  

Desde a revolução industrial se tem notícia da disputa por uma vaga de emprego no mercado de trabalho. Não são poucas as pessoas que se submetem a serviços, cujas atribuições chocam com as vocações. Realizar algo somente em função da remuneração é uma espécie de autocorrupção e autoprostituição. A prostituição profissional corroe a alma do sujeito, minando sua alegria de viver, fazendo-o se sentir a mais inadequada das pessoas.

Quem de nós não conhece alguém que está em um trabalho considerado perfeito, mas no fundo no fundo percebe que aquela pessoa está infeliz com o que faz? E você como se sente com o seu trabalho?

A gestão por competência está voltada para a autonomia, incentivo ao autocontrole, desenvolvimento das qualidades múltiplas e treinamento a respeito do processo de trabalho.  Esses fatores fazem o trabalhador sentir-se mais seguro e competente na consecução de suas atribuições e, consequentemente, mais realizado com a profissão que escolheu abraçar e seguir carreira.

Cabe a todos, profissional e gestores, ficarem atentos ao terceiro pilar da Qualidade de Vida no Trabalho, pois se os profissionais devem buscar conhecer as próprias vocações e escolher empregos mais condizentes para si. Os gestores, por sua vez, devem conhecer e considerar a vocação de cada membro de sua equipe para designar funções e tarefas mais condizentes com os objetivos da organização, aproveitando melhor o capital humano e gerar mais qualidade à força de trabalho que está sob sua responsabilidade.

Saúde e bem estar do trabalhador no ambiente laboral é questão de produtividade, sucesso e realização profissional. Nem sempre estas coisas estão relacionadas objetivamente ao dinheiro. O que cada pessoa sente com o trabalho que realiza determinará sua percepção de remuneração justa e adequada, provando que nem todos fazem o fazem somente pelo que ganham.

Encerro esta reflexão sobre qualidade de vida no trabalho com uma frase de Henry Ford: "Se o dinheiro for a sua esperança de independência, você jamais a terá. A única segurança verdadeira consiste numa reserva de sabedoria, de experiência e de competência". Quais são as suas? Quais são as de seus subordinados?

Prof. Chafic Jbeili
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domingo, 8 de novembro de 2009

Pilar 2 da QVT: As Condições de Trabalho.



O segundo pilar da QVT: As Condições de Trabalho.
Chafic Jbeili – www.chafic.com.br

Destaquei no primeiro texto desta série de oito crônicas sobre a QVT, que o trabalho é a fonte mais fidedigna para uma pessoa obter os proventos necessários ao custeio e manutenção de sua sobrevivência e, por isto, ela precisa ser remunerada de forma justa e adequada. Agora, no texto corrente, comentarei o segundo pilar da QVT, cujo substrato teórico continua sendo a teoria de Walton (1973). Desta vez o destaque vai para as condições de trabalho.

Sabe-se que o ambiente laboral é o lugar onde uma pessoa permanece a maior parte de seu dia, na maioria das vezes até mais do que na própria casa. Daí a relevância desta reflexão, ainda que de forma breve, sobre o impacto das condições de trabalho sobre a qualidade de vida do trabalhador.

Levando-se em consideração a totalidade de tempo dedicado a um mesmo local, o ambiente de trabalho pode ser facilmente considerado como segundo lar e, por conseguinte, os colegas que ali compartilham desse mesmo espaço, tornam-se como uma segunda família, com todas as prerrogativas positivas e negativas que todo grupo familiar geralmente apresenta. Por este motivo, não se pode negligenciar as condições em que uma pessoa passa todo esse tempo em um mesmo local, compartilhando idéias e materiais com tantas pessoas diferentes. Necessário se faz proporcionar e manter condições favoráveis para que um trabalhador execute suas funções.

Com base nesta perspectiva de influência das condições de trabalho sobre a qualidade de vida do trabalhador, quero ressaltar pelo menos dois aspectos que considero mais relevantes: o primeiro aspecto é o da ambientação, alude à parte material e diz respeito às instalações físicas, incluindo desde a disposição do mobiliário até a salubridade e segurança geral do local. O segundo aspecto é o da ambiência, restrito à parte funcional da dinâmica trabalhista e diz respeito à qualidade e intensidade das relações vivenciadas durante a jornada de trabalho.

Sobre ambientação, sabe-se que a maioria das doenças laborais que afligem o corpo é, sobretudo, decorrente da infeliz combinação entre mobiliários ergonomicamente inadequados, mal posicionados e o uso indisciplinado desses componentes, ou seja, é a conjugação entre a cadeira inapropriada, desconfortável e o sentar-se de qualquer jeito. Outro exemplo é o uso intenso e contínuo de um aparelho de ar condicionado antigo, sem a devida manutenção em seus filtros de ar; ou ainda a pessoa que passa, por exigência da função, períodos prolongados de tempo fazendo a mesma coisa em uma mesma posição, como é o caso de professores que passam horas e horas lecionando em pé, facilitando diversas complicações de circulação, desvios na coluna ou até mesmo lesões musculares.

Todo e qualquer obstáculo na realização de uma tarefa rouba energia do trabalhador e violenta suas estruturas físicas e emocionais, inibindo a produtividade. O esforço intenso e contínuo na realização de uma tarefa, cuja magnitude da ação seja maior do que a resistência oferecida pela adequação do ambiente de trabalho será sempre onerosa e contra produtiva para a empresa. Em suma: a diferença de preço entre a cadeira mais barata e a mais adequada não é nada se comparado aos prejuízos causados pela improdutividade e as licenças médicas recorrentes do uso de um determinado equipamento, impróprio para uma pessoa realizar cabalmente sua tarefa.

Pode parecer sem importância, mas a posição em que os móveis estão distribuídos em um ambiente também pode interferir na dinâmica laboral, a exemplo daquela estante ou arquivo posicionado na frente da única janela da sala, impedindo a entrada de luz natural e a necessária circulação de ar, causando desconforto e insalubridade, ambos inibidores da produção. Imagine como incomoda trabalhar em um computador que fica de frente para uma janela. A pupila fecha por conta da claridade, mas é forçada a abrir para enxergar a tela do computador, causando fadiga e o trabalhador terá dificuldade realizar a digitação, aumentando a possibilidade de erros. Neste time, os ruídos internos e externos, assim como a qualidade da iluminação artificial também contam como quesitos contra producentes no ambiente de trabalho e devem ser evitados.

Os toaletes são itens à parte neste contexto das condições de trabalho. Detenho-me a mencionar aqueles de uso restrito e limitado, a exemplo dos banheiros da sala dos professores ou aqueles reservados a um determinado departamento da empresa. Como é terrível voltar do horário do almoço, precisar usar o banheiro e não ter condições de higiene para isto. O turno da tarde não renderá tanto, haja vista o desconforto de uma necessidade pessoal sobre a exigência de desempenho profissional. É claro que muitas pessoas sábias e eruditas, porém muito mal educadas não colaboram na manutenção dos banheiros, mas geralmente o pessoal da limpeza é mal orientado, operando somente pela manhã e no final da tarde. Precisa ser mais vezes, em horários que antecede o horário de pico dos toaletes! Mas algum gestor já fez esta pesquisa para identificar necessidades de ajustes nos horários de limpeza do banheiro? Acredito que não!

Sempre que posso faço uma visita ao banheiro dos professores e em alguns destes banheiros, especificamente, pude constatar papel higiênico de terceira categoria, daqueles de cor cinza, que eu não utilizaria nem para apoio em resfriados. Vi também frascos de detergente Odd no lugar de sabonete líquido, folhas de A4 para enxugar as mãos e espelho daqueles minúsculos com moldura alaranjada e vidro trincado no canto. Que tipo de escola oferece um banheiro deste para seu Corpo Docente? Que visão de motivação e produtividade mantém tais gestores? Uma lástima!

Outro fator considerável no contexto material das condições de trabalho é a segurança. A energia psicossomática desprendida por um trabalhador que se sente desprotegido e inseguro em seu local de trabalho é enorme. Tal força seria melhor aproveitada se fosse canalizada para a produtividade. Esta insegurança laboral que rouba a vitalidade do trabalhador advém quase sempre de possíveis ameaças naturais como incêndio, inundações, contaminações por epidemias ou do risco eminente de agressão pelo público interno ou externo da instituição.

Assim como o simples uso do sinto de segurança nos automóveis aumenta a sensação de segurança em motoristas e passageiros, do mesmo modo, medidas como a colocação sinalizada do extintor de incêndio em paredes estratégicas; grades; câmeras de segurança; apoio para mediação de conflitos ou mesmo a presença de um vigilante na portaria aumentam a sensação de segurança do trabalhador. Faça pesquisa entre seus colaboradores e verifique o que mais causa insegurança no local de trabalho, depois tome providências! A energia extra que o funcionário gasta na expectativa de que algo ruim irá acontecer, desviando sua atenção, poderá ser deslocada para a atividade principal, diminuindo o estresse e colaborando para a QVT e a produtividade.

Trabalhar em um local onde haja política de segurança evidente, com instruções claras, treinamentos e simulações para situações de emergência, bem como equipamentos sinalizados e devidamente posicionados demonstra nitidamente a preocupação da empresa em zelar pelos membros de sua equipe. A sensação de proteção que se oportuniza aos colaborares retorna em produtividade e resultados para a empresa.

As empresas com foco em produtividade e resultados sabem que não oferecer uma cadeira apropriada; um banheiro limpo para se utilizar ou segurança durante a jornada de trabalho pode interferir significativamente na qualidade de vida de seus colaboradores, suscitando neles sentimentos e comportamentos contrários à consecução de metas e objetivos, tornando o trabalho contra producente, reafirmo.

Sentir-se protegido, ter mesas, cadeiras, materiais, equipamentos adequados e bem posicionados em espaço de trabalho sempre limpo e arejado, além de contar com banheiros asseados, com aquele cheirinho de limpeza, onde se podem encontrar sabonete líquido, toalha descartável e papel higiênico de qualidade são providências fundamentais para o bem estar do trabalhador.

Se o trabalhador se sente bem, certamente irá produzir mais e melhor. Sua autoestima será fortalecida, interferindo positivamente em seu comportamento e potencializando o rendimento e a fecundidade de suas idéias e ações dentro da instituição.

Toda e qualquer ação de reconhecimento capaz de fazer um trabalhador se sentir estimado e importante em seu local de trabalho irá deixá-lo mais produtivo e eficiente.

Na perspectiva do aspecto de ambiência, restrito a parte funcional da dinâmica trabalhista, destacam-se o tratamento dispensado pelos chefes e pelos colegas de equipe ao trabalhador. As relações conflituosas, onde há agressões verbais constantes, assédio moral ou sexual, entre outros tipos de violências menores ou maiores relacionadas à dinâmica de trabalho cooperam para a queda da qualidade de vida do trabalhador.

Enfim, enquanto os aspectos de ambientação inadequada consideram-se o desconforto, a insalubridade e a insegurança como fatores contra producentes, por outro lado, os aspectos da ambiência inadequada irão considerar as relações interpessoais estressantes e a má qualidade das vivências do trabalhador.

Estes fatores, entre outros diversos e específicos conforme cada caso, por isto não citados aqui, podem estar relacionados como consequências da má gestão em relação aos critérios de escolha e aquisição de mobílias, equipamentos e materiais de manutenção do ambiente laboral, bem como da ausência de políticas eficazes de gestão de pessoas. No primeiro caso o gestor geralmente privilegia, nas compras que faz a economia pecuniária em detrimento do conforto e da saúde geral do trabalhador e, no segundo caso, negligencia os aspectos motivacionais na gestão de sua equipe.

Neste antro de perdição gerencial que deteriora as condições de trabalho, perdem todos! Perde a instituição, perdem os colaboradores e perdem os clientes. No fim, pode-se constatar uma instituição medíocre, cujo foco da administração está voltado para “apagar incêndios”, com uma equipe alheia, composta de membros desunidos, desmotivados e, obviamente, gerando cada vez mais clientes insatisfeitos, sempre à espera de uma opção melhor.

Desta forma, o segundo pilar da qualidade de vida no trabalho é, sem dúvida, as condições de trabalho.

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