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terça-feira, 27 de abril de 2010

Plágio e saúde mental

O plágio, além de expressar incompetência, é um risco à saúde mental.
Prof. Chafic Jbeili - www.chafic.com.br

Ano passado (2009) assisti reportagem em uma emissora de TV sobre os aspectos positivos e negativos da internet. O título da matéria era "Crtl C, Crtl V". Para quem não se lembra ou não sabe mesmo, Ctrl é a abreviatura da função control no teclado do computador. A primeira combinação copia e a segunda cola. É a versão eletrônica e moderna da tradicional "cola" escolar. Pergunte a qualquer estudante que tenha acesso ao computador e ele te dará sofisticada aula sobre o assunto.

Agora, acabo de ler que o livro de Danilo Gentili “Como se tornar o pior aluno da Escola” onde o ilustre autor ensina, entre outras coisas, como colar em provas vendeu 13 mil exemplares!

Mas o que eu quero e preciso destacar sobre o tema em questão é a minha preocupação, como psicanalista, sobre o futuro da mente humana. Sabe-se que as redes neuroniais são formadas de acordo com as demandas de estímulos. O cérebro é o único órgão que quanto mais você usa, melhor ele fica. O contrário também é verdadeiro! Se não for utilizado ele atrofia e até diminui de tamanho, sabia?

Crianças se desenvolvem melhor quando têm melhor qualidade e quantidade de estímulos. A memória e o raciocínio no adulto também seguem o mesmo esquema. Quanto mais se utiliza a memória e o raciocínio, melhor desempenho terão essas funções, entre outras muitas.

Com os equipamentos eletrônicos muitas funções no cérebro ficam subutilizadas. Fazer conta de cabeça ou guardar números de telefone nos miolos é coisa do passado ou coisa de quem não tem celular.

Com tantas regalias cibernéticas e tecnológicas a preguiça mental reina perene e o plágio surge como coroamento daquele que pratica a "lei do menor esforço", sob a égide da máxima darwiniana "neste mundo nada se cria, tudo se copia". Vade retro plagianás! (um demônio do plágio que inventei). 

Plágio é sinônimo de incompetência, pois mesmo dispondo de toda tecnologia o mínimo que a pessoa precisa fazer é exercitar o seu cérebro e criar algo novo, inédito e original, ainda que inspirado em alguém, por que cada qual precisa ter suas próprias produções para se regozijar em boa e saudável auto-estima. É questão de ética, mas é questão de saúde mental também.

Penso, portanto, que plágio é sinônimo de incompetência, de doença até. Quanto mais plágios a pessoa realizar, mais imbecil ela se tornará, quer apostar? Pobre e infelizes dos ricos, abastados e abestados que ignoram o potencial de suas mentes e privilegiam recursos funcionais de equipamentos cada vez mais caros e sofisticados em um mundo cada vez mais repleto de informações e conteúdos disponíveis a um clique de distância.

Portanto, pais e educadores, estimulem em seus filhos e alunos o gosto pelo aprender e pelo criar para que não se tornem meros copiadores detentores de atalhos do empobrecimento intelectual. Evite que no futuro sejam profissionais medíocres que sobreviverão de Ctrl C, Ctrl V em todas as áreas de suas vidas.

Moral da história: A tecnologia é boa e muito bem-vinda, mas suas facilidades não podem e não devem atravessar as limítrofes da ética, da criatividade e da saúde mental.

Prof. Chafic Jbeili
Consultor vivencial, Psicanalista, Psicopedagogo e Escritor.

CONSULTORIA - CURSOS - OFICINAS - PALESTRAS
Formação continuada e qualificação profissional
e-mail: chafic.jbeili@gmail.com
Montes Claros(MG) | Brasil

Um comentário:

  1. Existe esse empobrecimento nas salas de aulas também quando as professoras e os professores, sem o mínimo de competência crítica, pega atividades prontas de outra classe e aplica para os seus alunos, sem se preocupar com o contexto.
    Ou também quando se tornam reféns do livro didático, sem o trabalho paradidático ou aprofundamento necessário.

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