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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O presente que não se rasga a embalagem!


Chafic Jbeili - www.chafic.com.br

Este foi o primeiro Natal em 39 anos de minha vida que não ganhei um presente daqueles que a gente rasga o papel enfeitado. Não sei se esqueceram de mim ou se eu fiquei chato demais para poder fazer com que alguém sentisse vontade de me presentear... talvez seja a crise no mercado imobiliário internacional, sei lá! Não gostaria acreditar que papai Noel não se importa mais comigo.

Bem, foi com este pensamento que me levantei na manhã do dia 25 e não vi nada para com meu nome debaixo daquela cintilante e debochada árvore de natal. Decepcionado e sentindo como um menino esquecido por papai Noel, liguei a televisão e me assentei no sofá da sala como quem tenta voltar para a realidade adulta. Em formação reativa pensei: Que bobagem a minha, presentes de natal é coisa de menino, quem liga para isto?

Na TV passava alguns flashes de reportagens sobre inundações, desabrigados, pessoas perdidas, brigas em família, comemorações etc... Foi quando um sorriso me veio aos lábios e eu agradeci em silêncio: Deus, obrigado, pois minha casa está seca e aquecida, a geladeira abarrotada de comidas natalinas e frutas de todos os tamanhos e cores, as pessoas que amo estão bem confortáveis em seus aposentos e uma caixa de bombons Garoto transborda em minha mesa de café da manhã... Na noite anterior eu havia comido minhas duas sobremesas prediletas: Manjar de côco e pavê de amendoim...

Lembrei que há muitíssimo mais para eu agradecer do que pedir, pois dia a dia Deus nos agracia com presentes que não se rasgam as embalagens, mas que podemos vivenciá-los sutilmente. Enquanto falava com Deus, uma história de Fred Lloyd (O vôo dos gansos) me veio à mente. Se tiver com tempo e paciência, leia a seguir:

Dizia Fred em sua história:

Ontem observei uma enorme revoada de gansos batendo asas em direção ao sul com um pôr-do-sol panorâmico que coloria todo o céu durante alguns momentos.

Vi-os enquanto me apoiava contra a estátua do leão em frente ao Instituto de Artes de Chicago, onde eu estava observando as pessoas que faziam compras de Natal andando apressadas pela Avenida Michigan.

Quando baixei o olhar percebi que uma moradora de rua, parada a alguns metros de distância, também estivera observando os gansos. Nossos olhos se encontraram e nós sorrimos - reconhecendo silenciosamente o fato de que havíamos partilhado uma visão magnífica, um símbolo do misterioso esforço de sobrevivência.

Ouvi a senhora falar para si mesma enquanto se afastava desajeitadamente: Suas palavras "Deus me estraga com mimos", eram espantosas.

Será que a senhora, essa pária das ruas, estaria brincando? Não. Acredito que a visão dos gansos tenha quebrado, mesmo que por um breve momento, a dura realidade de sua própria luta. Percebi mais tarde que momentos como aquele a mantinham viva: era a forma através da qual ela sobrevivia à indignidade das ruas. Seu sorriso era real.

A visão dos gansos era seu presente de Natal. Era a prova de que Deus existia. Era tudo o que ela precisava. Eu a invejo. (Fred Lloyd Cochran).

E você? Quais os presentes que não se rasgam as embalagens que você tem ganhado?

Abraços fraternos,

Chafic Jbeili
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Um comentário:

  1. O verdadeiro presente é aquele que não se deteora com o tempo e que não tememos perdê-lo, é um tesouro valioso que podemos doar sem jamais ficar de mãos vazias.
    O texto é lindo!!!!
    Rosinha

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