Esgotados
Por Andrea Dip
andrea.dip@folhauniversal.com.br
Um dia você acorda cansado e sem vontade de ir trabalhar. Parece uma tortura estar naquele ambiente, conversar com as pessoas, desempenhar suas funções. No dia seguinte, você arruma qualquer desculpa para faltar. No terceiro, sente dores pelo corpo e algo o angustia, mas você não sabe bem o que é. Se essa situação parece familiar, cuidado: você pode estar com a síndrome de burnout, ou estafa crônica.
Descoberta na década de 70 por um psiquiatra inglês, a burnout, referência a “consumir-se de dentro para fora”, se caracteriza pelo estresse crônico vivenciado principalmente por profissionais que lidam com dificuldades alheias, como médicos e professores, jovens em início de carreira e operários.
Mas ninguém está imune. Segundo o psicanalista Chafic Jbeili, especialista no assunto, a síndrome se inicia com o desânimo e a desmotivação com o trabalho e pode culminar em doenças psicossomáticas, levando o profissional a faltas frequentes, afastamentos e até à aposentadoria por invalidez.
“Descobri que tinha a síndrome a partir de uma crise de asfixia. Fiquei internada por 3 dias. O diagnóstico foi crise nervosa”, conta a professora afastada Mara Rubia, de 40 anos.
Ela lembra que o pesadelo começou com o comportamento inadequado dos diretores da escola onde trabalhava: “Eles queriam disputar poder e humilhavam os funcionários.
Tenho pesadelos diariamente. Não passo em frente aos colégios com medo de encontrar os diretores e, pior, perdi o total interesse pelo magistério.”
Jbeili diz que os professores estão entre as maiores vítimas da burnout, porque saem da faculdade querendo “mudar o mundo” através da educação, e quando se deparam com a realidade se frustram muito.
“As condições de trabalho são precárias. Segundo pesquisas recentes, mais de 43% dos professores da rede pública apresentam sinais da síndrome de burnout”, aponta.Sonia Maria Tavares também viveu o desgaste na pele. Como psicopedagoga, aceitou um trabalho que envolvia crianças e adolescentes em situação de risco atraída pelo alto salário, mas acabou pagando com a saúde.
Ela conta que quando completou 6 meses no emprego tinha se tornado amarga, tratava os colegas com frieza e chegou a pagar pessoas para desempenhar suas funções: “Eu comecei a faltar, não dormia direito, vivia angustiada” Sonia procurou ajuda psicológica e reuniu forças para mudar de emprego.
Mônica Amaral de Oliveira, consultora de recrutamento e seleção, diz que as empresas precisam entender que garantir a qualidade de vida do trabalhador é garantir o rendimento. “Há empresas hoje com salas de massagem ou academia para os colaboradores se desligarem por um tempo.
O investimento garante a saúde dos funcionários e, consequentemente, mais rendimento”, diz. Ela explica que, para não estressar, é importante ver o trabalho como apenas uma das tarefas na vida. E dá uma dica preciosa: “É preciso ser comprometido, mas também pensar em si”.
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Entrevista concedida pelo Prof. Chafic ao Jornal Folha Universal em outubro de 2009. Edição Nº 915. De 21 a 27 de outubro de 2009. EDIÇÃO NACIONAL. Tiragem: 2.562.250 E X E M P L A R E S
Agende uma palestra gratuita (DF) para sua escola ou empresa sobre este tema: secretaria@chafic.com.br
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