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domingo, 6 de fevereiro de 2011

Estudante negligente, profissional incompetente.


Acadêmico negligente, profissional incompetente.
Prof. Chafic Jbeili* – www.unicead.com.br

A negligência acadêmica é uma das principais causas da incompetência profissional. E o mercado está abarrotado deste tipo oneroso, nocivo e repugnante de colaborador.

A pessoa cursou a graduação de qualquer jeito. Era desatenta por opção, ridicularizava as dinâmicas em sala de aula, ignorava as indicações de leituras que o professor sugeria; sempre dava um jeito de incluir seu nome no trabalho de outros colegas para não ficar sem nota; Quando não chegava mais tarde, saía mais cedo. Mal sabia preencher o formulário de avaliação ao final das aulas porque, na verdade, nunca quis aprender o significado e o valor da avaliação e do feedback ético e adequado.


Nas atividades suas colocações eram deslocadas, com perguntas mal elaboradas e raciocínio confuso, sem ligação coerente com o tema em debate. Seus textos eram mal escritos porque nunca desenvolveu o hábito de ler e por isso nunca desenvolveu a escrita ao ponto que convém a um profissional. Seu repertório de palavras sempre foi pobre, limitado a termos comuns, gírias da moda e palavras de baixo calão. Não entendia coisa nenhuma do que ouvia ou lia nos encontros, seminários, palestras, congressos e aulas com especialistas. Por isso comprou sua monografia ao invés de produzi-la.

Sua dinâmica na faculdade girava em torno do fato de estar inscrito em um curso superior e isso soava bonito para os amigos! A glória de ser “nível superior” ofuscava a importância de estudar. Seus interesses mais imediatos estavam saciados. Estudar pra quê? Sem visão empreendedora e de futuro desprezou ótima oportunidade em fazer sua network.

A pessoa se achava a mais esperta de todas, de um jeito ou de outro conseguia as notas mínimas para pular o semestre e assim se formou, na sombra de seus colegas e à vista grossa dos professores. Pegou o canudo e foi para o mercado de trabalho. Viu que no exercício de sua função as atividades corporativas eram coisas sérias e a pressão aumentava porque precisava saber bem aquilo que negligenciou aprender durante anos na faculdade.

Mas a pessoa não se dá por vencida, leva seu emprego na base da embromação e se matricula urgentemente em uma especialização das mais baratas possíveis e preferencialmente instantânea. Ingressa na pós-graduação não para aprofundar o que já sabia, pois nunca soube muita coisa, mas para tentar pegar algum material atualizado ou aprender algo daquilo que agora precisa saber urgente só para garantir seu emprego. Deslocada que é, insiste em se auto-iludir fazendo-se acreditar que pós-graduação é o mesmo que “supletivo de graduação” e professor é “consultor pessoal” para salvá-la de seu embuste.

Então, o acadêmico negligente se torna um pós-graduando improdutivo, infeliz consigo mesmo, com a vida, ingrato com tudo e com todos queixa-se da instituição, do professor, da mensalidade, da metodologia, dos colegas, da sala de aula, dos recursos didáticos, das apostilas, do mosquito que passa e até do estacionamento gratuito. Nada nunca se converterá em aprendizagem significativa porque a pessoa não aprendeu reconhecer significantes e abstrair algo daquilo que vivencia.

Aquele que foi estudante negligente tornou-se pós-graduando impaciente e improdutivo. Não se percebeu errante, por isso não se corrigiu e não aprendeu saber o ofício que precisava conhecer. Não estudou os recursos que estavam à sua disposição; não se preocupou em entender de gente e a lidar com recursos humanos. Agora, arrogante mais do que nunca, intenta merecer o grau colado, porém odeia saber em seu íntimo que só lhe resta, além do diploma reconhecido pelo MEC, aquilo que conseguiu construir na mediação acadêmica: nada! Sua reputação e emprego sempre estarão por um fio!

A inconsciente raiva de si mesmo embota seus sentidos e desloca sua zanga para um culpado qualquer que decide eleger conforme a intensidade de sua perversão naquele momento. Passa exigir dos professores resumões prontos, exemplos rápidos, “receitas de bolo” para poder aplicar imediatamente no seu trabalho e mostrar ao chefe e colegas que realmente fez jus ao diploma que apresentou na comprovação de título. Não aprendeu pensar para fazer e agora continua fazendo as coisas sem pensar, pois não tem tempo e o tempo sempre cobra caro o que as pessoas fazem sem ele.

Quem sabe um dia essa pessoa, estudante negligente, perceba que o seu maior medo é ter de encarar que no desperdício do tempo acadêmico presente a si mesmo se fez no futuro um profissional incompetente.


* Prof. Chafic Jbeili é teólogo com habilitação em filosofia, psicanalista, psicopedagogo, doutor honoris causa em psicanálise, professor de pós-graduação atua há 12 anos com treinamentos, palestras, seminários e aulas com temas em recursos humanos, qualidade de vida, clima organizacional, motivação, entre outros. É diretor da UNICEAD e ministra cursos online para gestores de RH, professores, psicólogos, psicopedagogos e demais educadores.
www.unicead.com.br

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Inclusão à passarinho

Inclusão à Passarinho (Chafic Jbeili)

Inclusão à passarinho
Prof. Chafic Jbeili – www.unicead.com.br

Estive participando do 7º (re)encontro catarinense de psicopedagogia, realizado em alto estilo na capital Florianópolis entre os dias 12 e 13 de novembro de 2010 com o tema: A Psicopedagogia: Limites e Possibilidades. O momento não poderia ser mais oportuno: Aconteceu no dia do Psicopedagogo (12) e exatamente quando o "Núcleo" recebe juridica e legalmente o título de "Associação" ampliando sua representatividade da classe naquela jurisdição.

O evento que está em sua sétima e bem sucedida edição foi promovido pela Associação Brasileira de Psicopedagogia, Seção Santa Catarina, sob a presidência da Pp Albertina Chreim, cuja atuação  naquele Estado me impactou, causando a mais oportuna e grata satisfação ao ouvir seus relatos sobre os grandes feitos e o espaço conquistado por nossas bravas colegas psicopedagogas  que deram um show de presença, organização e esmero profissional agregando ainda mais valor à categoria. Parabéns!


Registro aqui meus agradecimentos àquela diretoria pelo convite para participar do evento com duas palestras: uma sobre leitura do desenho infantil e outra sobre a Síndrome de Burnout em Professores. Ficará em minha lembrança a garra e a persistência daquelas mulheres educadoras, altamente capacitadas e que tão bem representam a Psicopedagogia no Brasil, causando encantamento inclusive a profissionais presentes de outras áreas como medicina, fonoaudiologia, psicanálise com os quais tive o privilégio ouvir elogios e palavras de incentivo à importância da psicopedagogia no contexto multidisciplinar. Foi muito gratificante!


De volta para casa, já no aeroporto de Florianópolis e ainda em estado de êxtase pelo impacto do evento; enquanto aguardava chamada para embarque, com o olhar e pensamentos além dalí, bem à minha frente assustei com o pouso frenético, barulhento e repentino de três pardais sobre umas migalhas de sanduíche que estavam no chão, interrompendo abruptamente meu devaneio.  Que badernistas estes pardais, pensei...


Ainda surpreso, reparei que um dos três pardais tinha dois dos dedos de sua patinha direita integrados, como se estivessem colados. Além disso, sua perna era torta como se tivesse calcificado fora do lugar depois de uma possível fratura. Este passarinho mancava e se deslocava com sacrifício ao dar aqueles pulinhos característicos dos pássaros quando andam em terra, mas em compensação os dois outros pardais buscavam as migalhas mais distantes e lançavam discretamente para próximo do pardal deficiente.


Continuei olhando e percebi que os pardais aparentemente sem deficiência serviam parcialmente o amigo especial e tomavam o cuidado para não deixar a comida nem longe demais para que ele tivesse que se esforçar muito e nem próximo demais para que ele não se sentisse incapaz de buscar seu próprio alimento. Pareciam conhecer alguns princípios psicopedagógicos!


Eu vi ética, respeito, serviço, afeto, zelo, espírito de corpo, trabalho em equipe, solidariedade e até nobreza nos gestos daqueles pardais em relação ao seu amigo deficiente. Até então eu sabia que pardais são bastante populares e em muitos lugares são considerados como pássaros “vira-latas”, analogamente aos cães sem raça definida, cuja espécie não exige maiores cuidados e se alimentam de quase tudo que encontram à sua frente, inclusive lixo, excluindo-os de especial distinção no processo de taxonomia, mas não como seres vivos merecedores de nossos cuidados, atenção e preservação.


Vivenciar nobreza de atitude, ética, respeito, afeto e maestria no trabalho de equipe no meio dos colegas psicopedagogos e demais profissionais participantes do 7º encontro catarinense de psicopedagogia foi algo fácil para mim porque essas virtudes estavam nítidas em tudo o que eles fizeram e falaram no encontro, porque no dia a dia eles são assim mesmos e viver isto com eles foi fantástico, revigorante! Surpresa de verdade foi quando essas nobres virtudes surgiram em outro contexto que não era o foco daquela viagem nem de meus pensamentos. Mesmo muito bem abastecido e sem eu procurar, apareceu também onde eu menos esperava encontrar: num trio de pardais!


A nobreza de atitude no meio de pássaros considerados não-nobres foi algo literalmente extraordinário para mim. Uma nova experiência e prova real de que se os pássaros podem fazer o que homens e mulheres de bem já fazem naturalmente, por que não esperar que a qualquer momento, pela graça de Deus e insistente dedicação de bravos educadores, quem sabe algumas pessoas de atitudes atualmente “sem nobreza” aflorem de repente e para sempre o que há de melhor dentro de si e nos surpreendam a todos ao praticarem algo similar ao exemplo de educadores que tenho tido o privilégio estar junto e ter notícias de seus feitos ou, pelo menos, algo parecido com aquela inclusão à passarinho que inesperada e abruptamente presencie no aeroporto de Floripa?

Busquemos a Deus em primeiro lugar e alegremo-nos no exemplo dos psicopedagogos e pardais deste texto!

Cordialmente,

Prof. Chafic
www.unicead.com.br

sábado, 2 de outubro de 2010

Frascos de pensamentos

Frascos de pensamentos
Prof. Chafic Jbeili - www.unciead.com.br

Cuidado com o que você pensa e cuidado com o que você faz pensar!

A diferença crucial entre pessoas fascinantes e pessoas repulsivas está em seus pensamentos, não tenho dúvida disto! As idéias são como células dos pensamentos. Quando tais células são boas, então os pensamentos produzirão palavras e atitudes de excelente qualidade. O que a pessoa fala é o reflexo de seus pensamentos. E o que a pessoa faz é a consolidação daquilo que ela intimamente acredita.

Sendo assim, deduz-se que todo ato sistêmico tem em si pelo menos uma idéia originária e causal. O que a pessoa faz ou fala denuncia sua idéia ou pensamento latente. Ao incutir idéias na cabeça de seus filhos, alunos ou colegas está ajudando a desenvolver pessoas fascinantes ou pessoas repulsivas?

Sabe-se que uma simples idéia é capaz definir ou devastar a personalidade. Por isto, pais e educadores têm a missão de não só implantar idéias saudáveis na mente de seus filhos e educandos, mas também ensiná-los selecionar e organizar tais idéias tal qual balconistas de farmácia fazem com as caixas de remédios. 

Na farmácia mental dos seres humanos existem muitos frascos de pensamentos. Alguns desses frascos estão lacrados, outros semi abertos, com validade vencida, outros quebrados cujo conteúdo evaporou-se com o tempo e outros tantos nem sequer imaginam-se poder possuir. Tem também aqueles frascos alheios que alguém esqueceu sem querer ou deixou de propósito no balcão da cabeça.

Dos frascos de pensamentos existentes em nossa farmácia moral, muitos contêm cápsulas de idéias que atuam como verdadeiros bálsamos, pois têm efeito sedativo, relaxante; já outros podem funcionar como energizantes porque restauram o vigor da psique e renovam as células da esperança. Há também aqueles que mais adoecem do que curam, repletos de efeitos colaterais.

Assim como em qualquer botica, nas prateleiras da farmácia mental também existem aqueles frascos com tarja preta, cujo conteúdo exige controle rigoroso sobre seu uso, pois atuam como abortivo da criatividade, elevam a pressão da alma e agem sobre o sistema nervoso dos pensamentos, podendo causar paralisia do sujeito, deixando-o estagnado no tempo e no espaço, podendo inclusive levá-lo a óbito ético.

Assim como no mundo dos remédios é imprescindível a assistência do farmacêutico ou do médico, da mesma forma, no mundo dos pensamentos é extremamente aconselhável a assistência daquelas pessoas que se preocupam com a formação da mente saudável. Pais e educadores precisam semear boas idéias na cabeça de seus tutorados; assistir a construção de seus pensamentos e orientá-los na elaboração e materialização de seus axiomas. Muitas vezes só a ajuda dos pais não é suficiente e exige intervenção profissional.

Boa ou ruim possa ser uma idéia, a mente que se abre a elas de modo algum retornará ao estado anterior. Portanto, em último caso, é melhor que se leia a bula da sabedoria antes de abrir o frasco dos pensamentos e disseminar idéias erradas como quem distribui drogas à revelia para qualquer um que decide experimentá-las.

Que efeito tem as cápsulas de idéias contidas no frasco de seus pensamentos?


Prof. Chafic Jbeili 
Consultor vivencial, Psicanalista, Psicopedagogo e Escritor.

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Formação continuada e qualificação profissional
(38)3082-0876 | (38)9184-0439
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sábado, 18 de setembro de 2010

O que está pronto acabado está!

O que está pronto acabado está!
Prof. Chafic Jbeili -  www.unicead.com.br

“O que vale a pena ser feito, vale a pena ser bem feito!”. Com esta frase recebi do comandante da 4ª BDA INF MTZ (lê-se: Quarta Brigada de Infantaria Motorizada) as minhas boas vindas ao Exército Brasileiro para o cumprimento do serviço militar, em 1988.

Desde engraxar o coturno, limpar o fuzil e até a mais complexa das tarefas militares, tudo deveria ser muito bem feito. Não há princípio melhor do que este para evitar o retrabalho e tornar produtiva uma atividade importante: Faça bem feito para fazer uma vez só!

Se a primeira impressão é a que fica, então o brilho do coturno faz sentido! Pensar assim estimula a busca pela excelência em tudo que se propõe fazer. Quem é desleixado com o brilho do coturno, corre o risco de o ser também com a limpeza do fuzil e, por consequência, incorporar o hábito de fazer as coisas de qualquer jeito. Uma arma mal limpa corre o risco de não funcionar naquele momento de vida ou morte, podendo colocar em risco a própria vida e a vida de toda uma guarnição.

Sabe-se que o padrão de comportamento consciente ou inconsciente determina como a pessoa faz quase a totalidade das coisas em sua rotina diária. Considerando mínimo grau de variação de esmero ou displicência para mais ou para menos, nessa ou naquela tarefa, de modo geral o padrão habitual prevalecerá em quase tudo o que a pessoa faz no dia a dia. O maior dos estragos começa sempre com o menor dos desleixos.

Observe as pessoas com quem você trabalha ou convive e procure identificar àquelas que tratam, o tempo todo, as coisas dela e a dos outros de forma displicente além da conta. Depois de identificá-la, redobre sua atenção com essa pessoa, pois muito provavelmente ela poderá colocar em “xeque” a reputação e o trabalho de todos. É comum e natural a maioria das pessoas ser mais criteriosa com uma coisa do que com outra, porém, salvo raríssimos casos, a pessoa displicente com quase tudo que está sob sua responsabilidade ou está à sua mão para fazer, proporcionalmente também o será no exercício de sua profissão.

Na guerra, o inimigo nunca dará uma segunda chance ao soldado desleixado. O tiro mal dado além de não efetivar o objetivo da missão poderá denunciar a posição do atirador e torná-lo vítima ao invés de herói. Na vida, não é diferente! Há coisas que precisam ser realizadas com maestria logo da primeira vez, pois muito provavelmente o tempo não permitirá ajustes e o mal feito se eternizará no currículo e na vida de quem cometeu aquele lapso, tornando-se verdadeiras assombrações por um bom tempo, quem sabe por toda a vida.

A princípio o erro involuntário não deve ser considerado vergonhoso e dificilmente causará maiores danos a não ser que sua existência se deu por imperícia, negligência ou imprudência. Pior quando causa danos a terceiros. Claro que as oportunidades sempre surgem, porém aquela batalha, aquela corrida, aquela tarefa ou aquela aula nunca mais será possível realizá-las pela segunda vez, no intuito de alterar o resultado anterior. O tempo é implacável com isso e o que está feito jamais estará por fazer!

Isso quer dizer que há profissões, papéis ou tarefas em que a pessoa, dependendo do momento, deverá ser capaz manter alto padrão de disciplina, concentração e rigor metodológico para minimizar as possibilidades de erro e evitar colocar em maior risco aquilo que é por si só por demais arriscado, por isso eu creio no princípio de que tudo o que vale a pena ser feito, vale a pena ser bem feito!

Mesmo havendo lógica no erro; mesmo sabendo que errar é humano; mesmo acreditando que todos merecem nova chance; mesmo a pessoa se redimindo, assumindo, pagando ou se retratando publicamente por um deslize cometido; mesmo sabendo que o que não tem solução solucionado está, do mesmo modo, aquilo que está pronto acabado está!


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Abraços,

Prof. Chafic Jbeili

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domingo, 12 de setembro de 2010

*O Livro dos feitos notáveis

*O Livro dos feitos notáveis.
Prof. Chafic Jbeili, *pela graça de Deus! www.unicead.com.br

Deus me contou em sonho uma história que agora compartilho com você.

Sonhei que um homem de idade avançada, muito respeitado em sua comunidade e bastante conhecido na vizinhança do município onde habitava havia cinquenta anos estava cabisbaixo, triste, submerso no ócio daqueles dias maus. Parecia confuso, com o olhar fixo mirando o vazio, silenciosamente vagueando na oscilação de seus pensamentos, como quem busca algo sem saber o quê nem aonde encontrar.

Sua aparência não tinha formosura e sua apresentação não tinha graça. Aquele senhor parecia estar abandonado por si mesmo, largado à margem da sociedade e esquecido pelos familiares, mas algo de muito especial prendia minha atenção naquela cena, o que seria? Interessante que a imagem do velho não requeria de mim sentimento de pena ou de compaixão. Meu sentimento era de querer aprender! Mas, pensando bem, o que eu poderia querer aprender com um homem aparentemente fracassado, perdido, largado ao léu da sorte?

No sonho, aproximei do velho e perguntei se estava tudo bem. Ele suavemente retrucou: “Algumas coisas não saíram como eu desejava”. Então, perguntei se podia me assentar ao seu lado e ouvir um pouco de sua história. Aquele homem levantou a cabeça, olhou para mim e seus olhos estavam diferentes, começou a sorrir enquanto começava lembrar e contar sua história de vida, desde o princípio, a começar pelo nascimento pré-maturo, turbulento, mas que brava e milagrosamente havia sobrevivido e por isso foi batizado de Vitório Augusto e, em posição napoleônica, revelou que o significado de seu nome era “Nobre vitorioso”!

Ao dizer o significado de seu nome e rememorar como venceu os desafios que a vida lhe apresentou ao longo do tempo em que viveu sua infância, adolescência, juventude e vida adulta aquele homem se levantou, começou a gesticular com firmeza dando ênfase às coisas que falava. Ele, além disso, colocava cada vez mais ênfase no tom e volume de sua voz, de forma que outras pessoas se aproximavam para ouvir sua fascinante história, repleta de angústias, apertos, traições, doenças, perseguições e muitos desafios, mas para cada um dos males que viveu também contou como conseguiu superá-los e vencê-los de forma íntegra e honesta, na medida que lhe era possível e razoável.

Ele gostava de lembrar quem foi e aprovava as coisas que havia feito. Isso é muito bom!

Passei horas de sonho, quem sabe minutos, como se fossem dias ouvindo a vibrante história daquele homem. Com o coração leve e o corpo descansado comecei a me afastar dele, como quem vai embora e ao olhar para trás o vi ainda falando às autras pessoas com a eloqüência verbal e gestual característica dos mestres gregos sofistas oriundos de Atenas, Jônia e Magna, berços da filosofia clássica, como se pode estudar nos livros de história e cultura geral.

Acordei energizado, alegre, esperançoso, feliz por ter aprendido que além de uma boa e forte conversa com Deus, o melhor remédio para aqueles dias maus, onde se é acometido por tristeza, desânimo, cansaço, indignação ou medo do futuro é relembrar como os desafios do passado foram superados. É preciso lembrar quando os problemas pareciam sem solução, sem saída e de repente, tal como o ancião do sonho, de aparentemente fraco e moralmente abatido passou a ser agente de forças, ânimo e esperanças.

É sabido que cada pessoa diz ser aquilo que lembra de si. Como em geral as coisas que não deram certo ocupam mais espaço na mente, então ocorre a dissonância, quando as pessoas tendem a lembrar de si de forma negativa e até pejorativa alterando muito a percepção sobre o que elas realmente são de fato! Nessas horas uma águia é capaz jurar que é galinha e não tem santo que a convence da realidade!

Tive então a idéia de criar e incentivar outras pessoas a escreverem para si o seu “livro pessoal dos feitos notáveis”. Pegue um caderno capa dura e escreva, ano a ano, a partir do seu nascimento até o dia de hoje seus momentos de vitória. Traga à memória tudo quanto lhe for possível lembrar daquilo que deu certo em cada ano de sua vida. Registre neste caderno desde aquela corrida de pega-pega que você venceu dos colegas quando era criança e até aquele verdadeiro milagre com o qual você foi agraciado ou agraciada. Lembre-se daquela viagem fantástica ou de qualquer outro evento positivamente importante e que considere notável à época.

Quando eventualmente um daqueles dias maus bater à sua porta, abra seu livro dos feitos notáveis e releia sua história para ele! Diga o significado de seu nome e conte ao dia mau o tamanho de sua força, inteligência e fé. Faça como o Sr. Vitório Augusto e mostre como você venceu várias vezes os desafios que a vida lhe apresentou. Tranquila e seguramente ele, o dia mau, ficará muito mais temeroso de você do que você dele!

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Abraços,

Prof. Chafic

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