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domingo, 27 de setembro de 2009

O quinto pilar da autoestima: A intencionalidade.

O quinto pilar da autoestima: A intencionalidade.
Prof. Chafic Jbeili – WWW.chafic.com.br

Participava da cerimônia de formatura de um grande amigo. Ao parabenizá-lo pela vitória da etapa acadêmica vencida ele me disse: “Vamos ver o que vai ser agora!”.

Não podia perdoá-lo pela insinuante e inconsciente acomodação desvelada em suas palavras; muito menos perderia a chance de coibir uma ação íntima de aquietamento e respondi instantaneamente: “Que história é esta? Vai passar a bola para o acaso? Nada disto! Pode começar a planejar a sua carreira e determinar o que vai ser ao invés de soltar os remos”.

O amigo respondeu: “Será que não pode deixar de ser psicanalista pelo menos na minha formatura?” E eu disse: “Nunca quando alguém de minha estima representa um perigo para si mesmo”. A conversa cessou por ali, mas minha preocupação continuava.

O fato é que assim como meu amigo, eu também já perdi muito tempo de minha vida deixando a vida me levar. Soltar os remos e ver para onde a maré leva o barco é algo muito estúpido e bastante arriscado. é preciso ter a intenção de fazer e realizar o que se pretende, ao invés de transferir para o acaso a sua própria sorte.

Afirmações do tipo: “Vamos ver o que vai dar”; “Deixa a vida me levar”; “Quem sabe um dia...”; “Eu gostaria fazer isso”; “Quem me dera eu pudesse”; “Se eu isso...”; “Se eu aquilo...” são afirmações isentas de intencionalidade. Elas denotam que a pessoa está entregue e dependente de forças aleatórias e causais para que algo se concretize.

Até o famoso “Se Deus quiser...” não pode ser isolado e aleatório, como se alguém estivesse a transferir para Deus, única e exclusiva responsabilidade sobre as coisas que a pessoa deseja realizar ou conquistar para si. O Homem faz planos e a resposta vem de Deus, mas se o homem não faz planos, dificilmente uma resposta virá. A falta de planos é a falta de fé e a falta de fé é a drástica isenção da intencionalidade.

Viver de propósito e com propósito é a argamassa do quinto pilar da autoestima. é preciso que cada pessoa estabeleça metas (curto prazo) e objetivos (médio e longo prazos) para qualquer coisa que pretenda realizar/conquistar na vida, seja lá em que área for.
Não são poucas as pessoas que vivem sem a importante atitude da intencionalidade. Geralmente são aquelas pessoas que respondem a um convite com o seguinte chavão: Eu não tenho tempo!”Ou estão entregues ao acaso e por isto não têm disciplina sobre o próprio tempo ou estão mentindo quando na verdade poderiam simplesmente dizer “obrigado pelo convite, mas não quero ir” ou “Tenho outro compromisso nesta data” ou coisas assim.

Quem afirma não ter tempo é por que não tem disciplina sobre os próprios eventos de sua vida diária. Não se organiza e vive em função das coisas urgentes ou emergenciais. Por isto se descontrola e se angustia. Muitas vezes gasta mais do que pode; fala mais do que deve e age por impulso e está sempre dizendo algo do tipo “deixa como está para ver como é que fica”.

Para o Dr. Nathaniel Branden, viver intencionalmente envolve as seguintes questões:
a) Assumir a responsabilidade de formular conscientemente seus próprios objetivos e propósitos;

b) Preocupar-se em identificar os atos necessários para alcançar os objetivos estabelecidos;

c) Monitorar o comportamento para que ele esteja em sintonia com os objetivos estabelecidos;

d) Prestar atenção aos próprios atos para certificar-se que eles levarão você ao ponto aonde quer chegar.

Em outras palavras [nome], viver intencionalmente é determinar o tipo de comportamento que quer ter para com as diferentes pessoas, em diversas ocasiões e ambientes. Você pode ser grosseiro(a) ou gentil por impulso ou de propósito. Você pode ser o que você quiser ser.

Viver intencionalmente é determinar o que se deseja alcançar na vida e traçar um plano. Em seguida, estabelecer objetivos e metas para se chegar à realização desejada, tendo sabedoria para ajustar os planos e as atitudes enquanto caminha rumo a seus propósitos.

Preste atenção nestas frases antigas, de autorias diversas: Quem não sabe para onde quer ir, qualquer lugar serve. Se você não fizer alguma coisa, nada vai mudar. Se você continua fazendo as mesmas coisas, continuará tendo os mesmos resultados. Sua vida muda quando você muda! A bússola aponta o Norte, mas você precisa fazer algo para chegar lá. E se você é religioso(a) saiba que Deus não move um dedo naquilo que você pode fazer. Deus só age quando as coisas estão verdadeiramente fora de seu alcance e controle.

Portanto, não se preocupe com as coisas que você não pode fazer nada, mas tome uma atitude positiva em relação às coisas que você tem algum controle e pode fazer algo, ao invés de apenas soltar os remos e dizer “vamos ver o que vai dar...”.

Viva com dolo e não com culpa! Culpa é para quem fez algo que não queria ter feito. Dolo é para quem tinha a intenção de fazer. Viver com dolo é viver com a intenção de existir e desfrutar a vida de forma produtiva e responsável. Decida intimamente realize suas coisas com a intenção de realizá-las do fundo de seu coração, pois viver, trabalhar, estudar, namorar, escrever, falar e muitas coisas mais que fazemos no dia a dia só terá graça e plenitude quando temos a intenção de fazê-las e isto é viver com a atitude da intencionalidade: O quinto pilar da autoestima!

Encerro este texto com mais esta reflexão: "A raiz da nossa autoestima não são nossas realizações, mas as atitudes geradas interiormente que, entre outras coisas, nos possibilitam realizar algo" (Dr. Branden).

Aproveite para conhecer a teoria do Código Interior no blog www.ocodigointerior.blogspot.com

Desejo a você [nome] uma semana suficientemente cheia de propósitos!

Abraços fraternos,

Prof. Chafic Jbeili
Psicanalista e Psicopedagogo
Diretor e editor Chafic.com.br - www.chafic.com.br
Diretor-executivo ABMP/DF - www.abmpdf.com
Presidente Sopensar - sopensardf.blogspot.com

Chafic.com.br
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sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O quarto pilar da autoestima: A atitude da auto-afirmação.

O quarto pilar da autoestima: A atitude da auto-afirmação.
Prof. Chafic Jbeili – www.chafic.com.br

Certa vez eu anunciei uma vaga de emprego. Dezenas de currículos chegaram ao meu e-mail, inclusive o da esposa de um amigo que eu não poderia (não poderia?) deixá-la de fora do processo seletivo. Escolhi alguns com o perfil profissional mais alinhado à proposta de trabalho para o cargo anunciado e, então, agendei algumas entrevistas, pois precisava identificar nos candidatos algo que os currículos não mostram.

No dia da entrevista a esposa de meu amigo compareceu entre algumas candidatas que chegavam vestidas como se fossem para uma festa; outras tão formal como se fossem trabalhar no Fórum; e outras ainda tão desleixadas que pareciam não ter espelho em casa. Além disto, reparei que o discurso era artificial, parecendo que decoraram dicas de algum livro do tipo “Como passar em entrevistas de emprego”, um desastre! A esposa do meu amigo estava tão confiante em relação a vaga, que estava nítida a expressão de desprezo ao olhar as concorrentes. Foi uma das primeiras a ser dispensada.

O ponto comum entre as candidatas era que cada uma tentava atender ou contestar expectativa que mal sabiam qual seria, pois não perguntaram antes qual o traje para a entrevista ou quais os detalhes do trabalho, ou seja, tentaram atender uma eventual exigência com base apenas em suas ocultas suposições, sem levar em consideração se aquela exigência era real ou não e, sendo real, como seria exatamente para que pudessem decidir atender ou não. Não fizeram isto, pois não acreditavam que tinham este direito e dever para consigo mesmas: A atitude da autoafirmação!

Enfim, as pessoas tentam (como eu tentei durante muitos anos) a todo momento atender ou confrontar expectativas alheias sem saber se tais expectativas existem e em que forma ou condições elas existem, pensando que desta forma estão se afirmando perante o outro. Assim, retiram de si a oportunidade da escolha e se obrigam a parecer com quem não se é, forjam máscaras pelo simples fato de querer incondicionalmente agradar ou desagradar propositadamente o outro em função de sua cegueira histérica, sujeitando-se a roupas, situações e posicionamentos que intimamente não gostam ou não concordam, traindo a si mesmas.

Não me refiro aos diferentes papeis que exercemos como filhos, pais, professores etc. Em cada papel um comportamento e uma atitude determinada e isto é completamente aceitável e pertinente. Também não me refiro a cumprir regras que anteriormente tenha aceitado cumprir de comum acordo. Refiro-me à sujeitar-se incondicionalmente às convicções alheias para ser aceito ou não ser rejeitado pelo outro.

Contrariar a si para agradar ao outro é uma das piores formas de traição e, geralmente, depois de um tempo a pessoa desenvolve desde vergonha até raiva de si mesma pela autotraição, afetando consideravelmente sua autoestima que é a qualidade de amor e consideração que mantém por si mesma. Como gostar de si mesma quando se trai?

No caso da rebeldia, quando se faz algo que agride o outro é igualmente prejudicial a autoestima. Conheço pessoas que sustentam remorso por ter se exaltado e agido de forma bruta, magoando pessoas quando na verdade não são adeptas a este tipo de comportamento. Geralmente se consideram calmas, controladas e educadas, mas para supostamente afirmar-se perante o outro, desnecessariamente deixam de lado a urbanidade e partem para a grosseria como única maneira de defender uma idéia ou convicção própria, decepcionando a si mesma.

Ser “curto e grosso” não é sinônimo de sinceridade e autenticidade, muito menos de autoafirmação, é sinal de autoestima fragilizada ou no mínimo falta de educação mesmo. Não é comum à pessoa com autoestima saudável agir com agressividade quando a situação não justifica tal apelo. A agressividade é admitida nos seres humanos em caso de eminente risco pessoal e em legítima defesa. Se alguém usa de agressividade para defender uma idéia própria é porque inconscientemente considera em situação de risco pessoal, o que seria totalmente incoerente no ponto de vista lógico. Embora minha, é apenas uma idéia cuja aceitação ou rejeição pelo outro, de forma alguma, pode colocar em risco a minha existência.

Neste sentido, o Dr. Nathaniel Branden defende que o princípio da autoafirmação é a disposição que a pessoa tem para tratar a si própria com respeito em todos os seus contatos diários e relacionamentos. Não se vê necessidade o uso e aplicação indiscriminada de comportamento agressivo para defender as próprias convicções. Não se trata apenas de uma possibilidade, mas de um direito universal que deve ser reconhecido pela própria pessoa.

é preciso acreditar que se tem o direito de ser quem se é, conscientemente. Autoafirmação sem consciência é pura estupidez, como o caso das candidatas que chegavam mal arrumadas e diziam que as pessoas tinham de aceitá-las como elas são, afirmando: “Se gostar bem, senão gostar amém!”. Elas tinham razão até certo ponto, mas faltou-lhes consciência, pois o simples fato de direito em ser quem é, tornam desnecessários o comportamento e discurso ofensivos.

Para empreender atitude de autoafirmação não é necessário ser arrogante, estúpido ou imperativo. Basta dizer natural e educadamente que gosta ou não gosta de certas coisas; ou que prefere determinada linha de pensamento do que outra. Que gostaria ou não realizar determinadas tarefas de trabalho. Em outro extremo a ausência da autoafirmação gera timidez, medo de falar e se apresentar em público; a pessoa receia expressar suas idéias e, com aquele sorriso sem graça, acaba por fingir concordar com as idéias dos outros, entrando em contradição sistematicamente. Quanto mal à autoestima faz a falta de posicionamento, de autoafirmação.

Não são poucos os profissionais que sofrem a síndrome de burnout, entre outras inúmeras doenças laborais. Uma parte, acredito, porque além de todos os percalços naturais da profissão, tais profissionais também não se respeitam e realizam tarefas ou assumem funções que contrariam suas crenças, valores e vocações em função do salário apenas. Esta é uma forma prática de vender um pedaço da autoestima, tornando-se morno e indiferente com o trabalho e as coisas do trabalho. Neste caso é hora de procurar o trabalho certo para fazer já que não consegue fazer bem feito o trabalho que se concordou fazer até então.

Toda passividade é, de alguma forma, uma atitude sabotadora, ou de si, ou do outro, ou da instituição.

Para Branden, “certas pessoas param e se movimentam como se não tivessem direito nenhum ao espaço que ocupam”. Quando você ver ou ouvir alguém fazendo ou falando algo que você repudia, conteste educadamente, ao invés de temer ser rejeitado(a) ou desagradável. A autoestima não perdoa passividade.

Por outro lado, quando um profissional tem atitude da autoafirmação este coopera com boas idéias, se empenha em desenvolvê-las, “briga” por elas, buscando apoio e superando dificuldades com determinação e persistência, sempre de uma forma prazerosa e produtiva porque está certo e consciente daquilo que acredita e tem esperança realizar, sem precisar destruir o outro.

Quantas vezes traí a mim mesmo tentando me adaptar a pessoas e circunstâncias das quais eu não concordava, trabalhando em empregos medíocres e insignificantes para mim. Pensava que aquelas pessoas e oportunidades seriam únicas e eu não poderia perdê-las. Era puro auto-engano. Depois de um tempo de sofrimento e muita depredação de minha autoestima acabava por me afastar daquelas pessoas e trabalho. Deveria ter tomado uma atitude de autoafirmação desde o início, durante a entrevista teria sido o ideal, ficando do meu próprio lado e poupado a mim mesmo de tanta angústia. é preciso “cortar os fios” antes que a bomba exploda, ou melhor, antes de implodir o quarto pilar da autoestima.

Algumas daquelas candidatas que mencionei no início do texto se chatearam comigo por eu não tê-las contratado, inclusive a esposa de meu amigo. Porém, disse a cada uma o que eu pensava sobre o perfil delas em relação à vaga, sempre de uma forma gentil e procurando ser construtivo em minha devolutiva, pois não me agradaria deixá-las pior do que quando chegaram.

Sempre acreditei estar fazendo um favor a elas mesmas, pois não consegui perceber atitude de autoafirmação e empregá-las somente em função de suas necessidades pessoais ou de uma amizade seria grave irresponsabilidade de minha parte. Certamente eu teria causado prejuízos à autoestima delas e principalmente a empresa e equipe de trabalho. Em um lampejo de consciência, acabei por fazer um favor a todos, inclusive a mim mesmo quando decidi experimentar a atitude da autoafirmação.

Por mais que algumas pessoas possam ser importantes, nada justifica a negação ou supressão de nossas próprias opiniões. Ser autoafirmativo é estar do próprio lado e respeitar as próprias opiniões sem, contudo tomar atitudes estúpidas em relação à opinião das demais pessoas. Neste aspecto, a atitude de autoafirmação exige equilíbrio entre coragem e sabedoria!

Coragem e sabedoria é o que te desejo esta semana! Não que você não as tenha, mas no sentido de que observe como aplicá-las oportunamente.

Para ler os pilares anteriores acesse www.chaficjbeili.blogspot.com

Um grande abraço,

Prof. Chafic
www.chafic.com.br

Psicanalista e Psicopedagogo
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O terceiro pilar da autoestima: A autoresponsabilidade.

O terceiro pilar da autoestima: A autoresponsabilidade.
Prof. Chafic Jbeili – www.chafic.com.br

Aqui no Distrito Federal prevalece, desde a sua fundação até os dias atuais, a cultura do assistencialismo. Começou com JK oferecendo inúmeras vantagens: promoções, salários mais altos, lotes, apartamentos, isenção de impostos etc. Tudo para atrair profissionais de todos os segmentos e regiões do País com o objetivo de fazer a nova Capital funcionar como qualquer outra cidade. A notícia da distribuição das benesses pelo Governo espalhou-se rapidamente por todo território nacional, atingindo tanto as metrópoles quanto regiões castigadas pela miséria. Famílias inteiras, das mais longínquas regiões do Brasil largaram suas bases de origem e vieram tentar a vida em Brasília. Até aí tudo dentro da normalidade!

O problema começa a partir das pessoas que nasceram no Distrito Federal, em especial aquelas que originaram no seio de famílias mais pobres, como sempre a maioria, e sob o auspício de que teriam de tudo só porque vieram para cá, afinal, quem convida paga a conta!

Acredito que uma quantidade significativa dessas pessoas menos favorecidas foram criadas com base neste maldito princípio constitucional de que o Governo tem a obrigação de fornecer tudo a qualquer cidadão: Desde o parto de seus filhos, a cesta básica, saúde, segurança, passando pela escola, até a moradia e, no fim da vida, bancar o enterro do infeliz deixando é claro a pensão para a viúva e os filhos até completarem 18 anos. O que seria augusta medida de amparo virou voraz estratégia política!

Governadores mais recentes viram que a idéia de manter eleitores dependentes é uma inestimável fonte de votos e assim programas como bolsa-escola, vale-gás, vale-leite, vale-pão, cheque-educação, renda minha e uns sem números de outros benefícios foram surgindo com a justificativa de ajudar e amparar os mais necessitados, o que é mais do que louvável. Entretanto, estes benefícios no mínimo inibem, quando não roubam do sujeito, algo primordial para sua existência, enquanto pessoa humana e também como cidadão: a atitude da autoresponsabilidade.

Claro que ganhar de tudo, sem empregar muito esforço é uma idéia bem atraente, deveras tentadora. No entanto, nada pior do que uma pessoa crescer e se desenvolver sem a grata oportunidade de ser ela mesma e não o outro a própria responsável pela realização de seus desejos e felicidade. E se ela não aprendeu ser responsável pela realização de sua própria felicidade, certamente não aprenderá ser responsável por suas escolhas e atos. Por conseguinte, não sendo responsável por suas escolhas e atos, também não admitirá sê-la por seus relacionamentos na família, no trabalho, na sociedade como um todo. De modo que a responsabilidade por sua felicidade é primeiro da família, depois do Estado e inclusive da sociedade, assim ela pensa. Se for infeliz a culpa é do outro, nunca dela!

Chamar a responsabilidade para si não é apenas uma questão ética e moral, mas uma questão de autoestima, pois segundo o Dr. Nathaniel Branden, toda pessoa precisa em algum momento experimentar exercer e vivenciar qualquer controle sobre sua vida, só assim poderá sentir-se competente e merecedora da felicidade.

Lembra do ditado: “Tudo que é de graça não tem valor”? Pois é, quem ganha tudo ou passivamente espera sempre ganhar sem qualquer esforço alimentos, roupas, bolsa de estudo, moradia etc, em um primeiro momento ficará muito feliz pela graciosa dádiva, mas esta pessoa irá se viciar em querer ganhar mais coisas, cada vez mais. Em um segundo momento, obviamente sua autoestima será afetada e então ficará mais sensível do que o habitual. E se a pessoa de quem ela ganhou algo não lhe receber prontamente quando procurada, irá nutrir pensamentos de que está sendo desprezada, rejeitada e, assim, se sentirá inferior. Na verdade já se sentia de alguma forma inferior quando pediu algo, mas posteriormente esta idéia de inferioridade lhe chega de forma arrasadora ao consciente.

Trabalhei em uma instituição onde os bolsistas curiosamente eram sempre os alunos mais problemáticos, não que todos sejam; cuidado com o silogismo! Mas aqueles, em especial, quando não eram atendidos na hora sentiam-se humilhados e armavam o maior barraco, citando leis e reivindicando direitos. Isto acontece porque os referidos alunos queriam o benefício da bolsa, mas detestavam admitir para si mesmos a condição de bolsista.

Bolsa é para a pessoa sem renda, com declaração de pobreza emitida por Cartório, em situação de risco pessoal e vulnerabilidade social.

Bolsa de estudos não é modalidade de desconto, mas é justa, oportuna e democrática medida social de amparo aos excluídos que vivem à margem da sociedade. é uma forma de transformar, pela Educação, a vida de quem vive na mendicância, por exemplo.

Aqueles bolsistas chegavam de carro à faculdade e odiavam admitir que bolsa é, em sua essência, para pobres declarados e socialmente excluídos. Eles queriam a bolsa e exigiam tratamento especial, nunca igualitário. Isto é um mecanismo de defesa do ego angustiado, como forma de compensar sua perda de qualidade neste importante pilar da autoestima causada pela ausência da atitude da autoresponsabilidade, não porque era bolsista, imagina! Mas porque teve sua atitude de autoresponsabilidade suprimida ou pela superproteção dos pais, ou porque acabou se viciando nos programas assistenciais e agora não sabe viver sem eles.

Veja como anda ereta, autoconfiante e com os olhos no horizonte as pessoas que adquirem suas coisas com o próprio esforço. Quão marcante é o primeiro salário! Que sensação de controle e competência usufrui a pessoa. Ela faz questão de pagar suas contas e comprar seus próprios objetos de uso pessoal. Como é importante o papel da mesada para os adolescentes a partir dos 12 anos, aproximadamente. é a forma como os pais educam seus filhos para desenvolverem atitudes de autoresponsabilidade.

é por isto que não concedo bolsa integral nem atendo ninguém de graça. Pois ao dar gratuidade no atendimento estaria roubando do outro a responsabilidade sobre si mesmo e isto é extremamente contraterapêutico. O sujeito me procura porque quer se desvencilhar da dependência familiar e então eu o torno dependente de mim? Claro que não! é ele quem deve arcar com as despesas de suas psicalgias, nem que seja pagando um real, cinco reais, dez reais pela sessão. Ele tem de pagar o que puder pelo próprio bem e é por isto que sessão de psicanálise não tem preço fixo. O valor é proporcional a renda de cada um para que este assuma a dádiva da autoresponsabilidade e se liberte de suas ilações inconscientes, causadoras das mais terríveis sensações e pensamentos de inferioridade e incompetência.

No meu tempo de escola, por volta dos anos 80, a responsabilidade de passar de ano era primeiro do aluno e depois da família. Nesta época professor era respeitado! Lembro-me que ficávamos todos de pé quando a professora entrava na sala de aula e olha que ela tinha apenas o Magistério. Atualmente, o Governo fez o favor de transferir a responsabilidade da aprovação do aluno para o professor. Este coitado que hoje, mesmo sendo pós-graduado, tendo mestrado ou doutorado, ganha muito mal e é recebido com uma salva de vaias pelos seus “clientes” e ai dele – o professor - se tentar colocar ordem na sala, é despedido!

Quero saber quem foi o bandido que roubou dos alunos a responsabilidade pela própria aprovação e passagem de ano? Este infeliz fez um mal a todos, com consequências catastróficas no futuro, onde os problemas atuais são apenas a ponta deste grande iceberg do caos familiar, escolar e social que iremos viver se medidas não forem tomadas. Há professores que ministram aula sob escolta policial. Isto porque o aluno quer culpar o professor pelo seu mal desempenho, aliás desempenho nenhum. Se o professor cobra, então é ameaçado e agradido.

Os psicoterapeutas nem se fala, mas os governos, assim como as famílias, deveriam resguardar o direito de instruir seus cidadãos e filhos a conquistarem seus desejos. Educar para serem responsáveis pela própria felicidade; a conseguirem o que querem na medida de suas possibilidades e condições antes de lhes “corromperem” com benesses fortuitas em troca de votos ou, no caso das famílias, como forma de compensação da ausência e descaso por parte dos pais na educação dos filhos.

Se alguém não se esforça para realizar seus próprios desejos é porque ou estes desejos não são seus ou não são verdadeiramente desejos, antes são meras fantasias. Por serem apenas fantasias, transfere-se para o outro a responsabilidade de realizá-las. Ser responsável pela própria felicidade não quer dizer assumir a “culpa” de tudo que acontece de errado, mas significa estar disposto a aprender com os próprios erros e também com o erro alheio.

Há que se ter um equilíbrio, pois ninguém tem o controle total sobre nada, inclusive sobre si próprio, mas também não é para se eximir de qualquer responsabilidade como se a certidão de nascimento fosse uma apólice de seguro, onde esta pessoa acredita poder fazer tudo, sem ter de ser necessariamente responsável por nada, nem mesmo pela própria felicidade.

De acordo com o Dr. Nathaniel Brandem, apresentado no primeiro texto desta série, o balizamento da autoresponsabilidade reside na adoção de métodos que possam gerar modificações na consciência individual. Estes métodos são reflexões diárias e sistemáticas, por meio de perguntas do tipo: “Se eu assumir mais 5% de responsabilidade pela realização de meus objetivos.......... (o que acontecerá? O que terei de fazer?)”.

Falta de responsabilidade é a pessoa esperar que a família, o Governo, a Igreja, os colegas de sala, a equipe de trabalho e as pessoas de modo geral farão as coisas para ela e por ela. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer! Cada qual, como artista que é, deve assinar como autor desta tela, onde pinta o quadro da própria vida!

Na próxima segunda escreverei sobre o quarto pilar da autoestima: a atitude da autoafirmação.

Um abraço,

Prof. Chafic
www.chafic.com.br
chafic@chafic.com.br
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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O segundo pilar da autoestima: A autoaceitação.


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O segundo pilar da autoestima: a autoaceitação.
Prof. Chafic Jbeili – www.chafic.com.br

Havia uma jovem que trabalhava em um gabinete ao lado onde eu fui assessor parlamentar há alguns anos. A moça tinha uns 25 anos, aproximadamente. Esbaldava ótima apresentação vestual e sua expressão era sempre a de alguém em paz com a vida. Certo dia, fui além do bom dia e boa tarde e a elogiei: “Você se veste muito bem!”. Ela não demorou muito e respondeu: “Ah, que nada! Esta roupa já está batida, comprei há anos...” e continuou depreciando seus trajes da cabeça aos pés, até que sem graça e decepcionado, sai de perto e fui embora engasgado sem entender bem o que havia acontecido.

Dias depois, em outra oportunidade de corredor, soltei-lhe um chiste: “Como uma moça tão bonita e bem arrumada desperdiça um elogio tão despretensioso e sincero assim?”, mas ela respondeu se defendendo e dizendo que não jogou o elogio fora, apenas havia sido franca em dizer sobre as roupas dela e que afinal não se achava tão bonita assim.

Bem, quando elogio ela recusa e começa a se depreciar, quando aponto um defeito e digo que ela não aceita um elogio, então nega. Como se vê, ela padece de autoaceitação, este segundo pilar da autoestima. Acontece que para ela usufruir autoaceitação precisa antes tomar a atitude de viver conscientemente. Veja como o segundo pilar depende do primeiro!

A idéia do Dr. Nathaniel Branden nominar de “pilares” as dimensões da autoestima é bastante oportuna e pertinente, pois assim como um edifício não pode se sustentar sem qualquer um de seus pilares, da mesma forma a autoestima não pode existir em uma condição saudável sem qualquer um de seus pilares, em especial este segundo, considerado mais central do que os demais, embora todos sejam ou estejam intensamente interligados e dinâmicos entre si.

A atitude da autoaceitação é o segundo pilar da autoestima e o Dr. Branden afirma que “[...] a não aceitação de si mesmo é a recusa em manter relacionamento antagônico consigo mesmo”. Desta forma, a título de exemplo, a criança que cresce ouvindo adjetivos depreciativos sobre si, desconfiará de qualquer elogio no futuro, pois o que o outro diz a seu respeito contradiz a autoimagem registrada em seu cérebro e, por isto, não aceita. O contrário também é verdadeiro: A criança muito mimada e paparicada terá maior dificuldade aceitar seus defeitos quando adulta.

A atitude de autoaceitar é estar do próprio lado e agir a favor ou em favor de si mesmo, resguardadas as devidas proporções. Especialistas em saúde mental concordam que tanto o cliente em tratamento psicoterápico quanto o aluno em sala de aula poderão apresentar maior dificuldades em assimilar adequadamente um novo aprendizado se, eventualmente, a recusa em aceitar a si próprio for intensa e profunda.

Esta afirmativa faz sentido, na medida em que a pessoa que não se aceita, rejeita inconscientemente qualquer melhora ou crescimento mais significativo, podendo inclusive boicotar-se simplesmente por não saber colocar-se do próprio lado e agir em favor de si mesmo. Neste caso, não se deve confundir com o egoísmo, pois enquanto no agir em favor de si mesmo é aceitar a porção que lhe é devida, no egoísmo a pessoa não quererá compartilhá-la, o que é bem diferente.

Observe que muitos clientes de psicoterapia abandonam o tratamento justamente quando estão começando a sentir algum progresso mais substancial. Esta dinâmica pode ser, entre outras coisas, indícios de autosabotagem em função do despreparo em relação à atitude da autoaceitação.

Invariavelmente, o não desenvolvimento ou a degradação do segundo pilar da autoestima faz com que a pessoa nutra desde intolerância até ódio por si mesmo, podendo chegar a níveis mais preocupantes e desencadear atitudes de autoagressões, autopunições, automutilações e até mesmo a renúncia direta ou indireta pelo desejo de viver.

O caminho da restauração deste importante pilar da autoestima é empreender ações que visam despertar na pessoa pensamentos, palavras e atitudes de autoafirmação. É preciso que a própria pessoa consiga repetir em voz alta que respeita a si mesma; que tem valor e que tem o direito de ser quem ela é. Mais uma vez, estas ações não devem servir para fazer com que a pessoa fique estagnada em uma determinada condição, mas que possa reconhecer e aceitar tal condição como ponto imediato de partida para uma situação ou condição mais elaborada.

Não é o fato de uma pessoa mal educada, social e moralmente inconveniente declarar-se deste jeito e fazer com que o outro a aceite assim. Mas é o caso dela mesma avaliar a impertinência desta sua condição e decidir-se evoluir em termos de maior produtividade e melhor qualidade de vida social. Para cada lugar existente e de acesso disponível há um comportamento mínimo esperado. Para cada relacionamento, independentemente dos níveis de interação, há uma reciprocidade mínima esperada. Tanto nos lugares quanto na presença de outras pessoas, qualquer um pode continuar sendo quem ele é, mas de um jeito mais condizente e harmonioso. Infelizmente, muitas pessoas têm tido maior facilidade em trocar de personalidade do que mudar de atitudes.

É pela autoaceitação que estas nuanças poderão ser melhor percebidas e mais adequadamente trabalhadas. O simples fato de alguém ter a coragem de pedir e buscar ajuda é um ótimo sinal de autoaceitação. Lembra do ditado popular? “O pior doente é aquele que não reconhece a doença”. Quem não reconhece a doença, dificilmente pedirá ajuda. Porém, a glória da restauração e desenvolvimento do segundo pilar da autoestima se efetiva quando uma pessoa que passou boa parte de sua vida se sujeitando a humilhações e abusos de toda natureza resolve dar um basta nesta condição e diz para si mesma: “Agora chega!”. Esta declaração é um marco histórico na evolução de sua situação. É preciso operar em favor de si mesmo quando ninguém mais pode fazê-lo, agindo positivamente e decidindo mudar uma situação indesejada, nem tanto por causa da submissão em si, pois esta tem seus limites aceitáveis, mas certamente por causa da mínima e qualquer condição de subjugação. Esta deve ser inaceitável!

Em seu livro “Sentido e contra-senso da revolta”, Julia Kristeva destaca os aspectos positivos e extremamente necessários da revolta. Tida como algo pejorativo e antisocial, a revolta, quando utilizada e aplicada em determinadas situações é altamente indicada. Afinal, apesar de óbvio ninguém deveria aceitar para si o que é inaceitável para qualquer um. A atitude de autoaceitação é para pensamentos, características pessoais e demais coisas que são de modo geral aceitáveis, de modo geral. De outra forma, é preciso lançar mão da revolta inteligente e determinar a mudança, decidindo-se posicionar do próprio lado e em favor de si mesmo. Este é o contra senso da revolta! Dizer “chega!” à humilhação, ao abuso e à subjugação.

Quando eu digo sobre aceitar as coisas aceitáveis, estou me referindo, por exemplo, a recusa de alguém em olhar-se no espelho só porque não aceita suas medidas, a cor de sua pele, o formato do cabelo, o tamanho do pé ou coisas deste tipo, mas indubitavelmente é preciso aceitar cada imperfeição como sendo particularmente sua. Isto não quer dizer, repito, que aceitar-se seja conformar-se. A partir da aceitação é que a mudança poderá ser empreendida.

Para que haja mudança e crescimento é preciso que haja autoaceitação. Aceitar-se a si próprio não é estagnar-se na condição ou situação atual, mas reconhecer que tal condição ou situação é um ótimo ponto de partida para a condição ou situação que se deseja alcançar.

Quando a pessoa resiste reconhecer em si os próprios defeitos ou a enfrentar a fonte de seus dissabores vivenciais, então a angústia se fortalece e a ansiedade tende aumentar. Entretanto, quando esta pessoa identifica e reconhece, aceitando, suas imperfeições e decide enfrentar aquilo que ela teme, permitindo e incentivando aflorar à consciência o que estava latente, então, a idéia adoecedora, que antes era forte se enfraquece e se dissolve naturalmente.

A atitude da autoaceitação começa quando a pessoa reconhece em si a antagônica condição humana, posto que é imperfeita apesar de fascinante; ignorante apesar de estudada; aprendente apesar de docente; confiante apesar de traída; cansada apesar de determinada; ingênua apesar de inteligente; errante apesar de assertiva, enfim, todos somos tudo e também somos nada. É a atitude da pessoa que dirá quem ela é, apesar do tempo, do lugar, das pessoas e das circunstâncias.

Só não quer se conhecer quem não se aceita. Quem não se aceita e, por isto, recusa saber quem é, então, variavelmente acabará sendo quem os outros dizem que é e, assim, acabará se conhecendo pelo outro e não por si mesma, o que seria muito mais prazeroso, verídico e adequado. Se uma pessoa demonstra ainda não conseguir conviver com seus próprios defeitos e imperfeições, estimule-a a aceitar pelo menos as próprias qualidades, para que não fique total e aleatoriamente à mercê da opinião dos outros e, por consequência, estabeleça imagem mental de si mesma, bem diferente da própria realidade, estruturada essencialmente em determinações alheias.

Quando alguém lhe fizer um elogio, agradeça! Diga apenas obrigado.

Quando alguém lhe ofender destacando um defeito seu, agradeça! Diga que irá refletir sobre isto e efetivar melhorias naquilo que for passível de aprimoramento.

Encerro esta crônica com uma reflexão assinada por Mark Twain “[...] Daqui a alguns anos você estará mais arrependido pelas coisas que não fez do que pelas que fez. Então solte suas amarras. Afaste-se do porto seguro. Agarre o vento em suas velas. Explore. Sonhe. Descubra”.

Na próxima segunda escreverei sobre o terceiro pilar da autoestima: a auto-responsabilidade.

Um abraço,

Prof. Chafic Jbeili
Psicanalista e Psicopedagogo
Diretor e editor Chafic.com.br - www.chafic.com.br
Diretor-executivo ABMP/DF - www.abmpdf.com
Presidente Sopensar - sopensardf.blogspot.com

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O primeiro pilar da autoestima: A consciência.


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O primeiro pilar da autoestima: A consciência.
Chafic Jbeili – www.chafic.com.br

A autoestima está para a dinâmica psíquica tal qual o sistema imunológico está para o corpo.

Da mesma forma como o corpo se protege dos ataques de agentes nocivos ao organismo, a qualidade do afeto e valor próprio que cada pessoa nutre sobre si mesma resguardará sua saúde mental, fortalecendo-a e preparando-a para as exigências biopsicossociais e espirituais, inerentes às suas vivências.

De acordo com o Dr. Nathaniel Branden, autoestima é a confiança que cada pessoa tem em sua capacidade de pensar; confiança em sua habilidade para lidar com os desafios da vida; acreditar que se tem o direito de vencer e ser feliz e, ainda, a convicção íntima de que a pessoa pode afirmar suas necessidades perante seus semelhantes, acreditando merecer usufruir dos resultados de seus esforços.

Considera-se, portanto, como possuidora de saudável auto-estima a pessoa que demonstra confiar nas próprias idéias e aceita intimamente ser merecedora da felicidade. Estas convicções inspiram o comportamento das pessoas e as fazem parecer mais felizes e realizadas do que outras, mesmo não tendo tanto quanto as outras pessoas possam ter.

Isto significa que não é, necessariamente, a quantidade de dinheiro, bens e intensidade de consumo que uma pessoa sustenta que irá determinar a qualidade de sua autoestima. Igualmente, quanto pior for a autoestima de uma pessoa, mais ela necessitará demonstrar status e poder, seja financeiro, social, intelectual etc.

A autoestima interfere diretamente no comportamento das pessoas e, consequentemente, a forma como cada pessoa se comporta irá influenciar a qualidade de sua autoestima, estabelecendo um ciclo constante de causa e efeito. Esta sucessão de pensamentos e atos requer atenção e cuidados instantâneos, a exemplo da pessoa que age de uma determinada forma e depois se arrepende, culpando-se e sentindo-se a pior pessoa do mundo. Acreditar nisto faz com que a pessoa adote pensamentos depreciativos sobre si mesma e então parte para atitudes autopunitivas. Assim, não se permite o mínimo prazer e evita sair, curtir os amigos ou um cinema; descuida-se da aparência pessoal e tende a cumprir apenas a rotina mais necessária que lhe for exigida.

é nestas horas que a pessoa precisa ser mais gentil consigo mesma; evitando os excessos da autoexigência e ao invés de menosprezar-se por não ter alcançado a perfeição deve perguntar-se como desenvolver ações mais assertivas. Esta atitude madura irá oportunizar pequenos avanços e melhorias na qualidade da autoestima e, por conseguinte, influenciar ações das quais a própria pessoa terá mais orgulho de si, empregando progressivamente mais valor às suas idéias e aumentando a crença de que merece e pode ser feliz.

é incrível como se pode elevar o orgulho e respeito próprios com pequenas ações. A autoestima é uma conseqüência de atitudes internas. Não se pode trabalhar diretamente a autoestima de ninguém, porque esta é a soma de pensamentos e ações. O que a pessoa faz determina o que ela pensa sobre si mesma. O que a pessoa pensa sobre si mesma influencia o “que” e “como” irá fazer algo. Isto exige o uso de uma das maiores faculdades humanas: a consciência!

Neste sentido, o primeiro dos sete pilares da autoestima é a “atitude de viver conscientemente”. Viver conscientemente é a capacidade que cada pessoa desenvolve para estar o mais cônscia possível do espaço que ocupa, onde quer que esteja presente; estar o mais cônscia possível do papel que desempenha em seu momento mais imediato, e; determinar suas ações de acordo com estas percepções.

Para os biólogos ela distingue o ser humano das demais espécies vivas. Para os médicos ela é um importante sinal vital do cérebro. Para os filósofos é um dos mais nobres atributos existenciais que o ser humano possui. Para religiosos e espiritualistas ela é interpretada como a própria iluminação. Para os cientistas da mente ela é questão imprescindível para saúde mental. Para a psicanálise é o remédio das neuroses. Ela é a consciência!

Toda pessoa é muito mais capaz, inteligente e brilhante do que imagina ser, e a consciência é a mais verídica, confiável e justa prova desta irrefutável verdade. Conhecer a si mesmo é uma das mais gratificantes tarefas que uma pessoa pode empreender durante sua vida.

Quando a pessoa simplesmente ignora suas necessidades, interesses e desejos, obrigando-se e sujeitando-se desde relacionamentos, tarefas e atitudes que contrariem suas convicções íntimas, então ela estará se traindo e ferindo sua autoestima, exceto quando tem consciência daquilo que decidiu fazer.

A pessoa que vive conscientemente percebe a força de suas palavras, de suas ações. Percebe quão firme ou frouxo é o seu aperto de mão; quão intenso ou vazio é o seu olhar; quão focada ou dispersa está a sua atenção.

Há que se permitir distrair-se, mas a distração à revelia é o mesmo que uma mente desgovernada, impulsiva, inconsciente. Penso que é a consciência quem deveria estimular as ações das pessoas e não as ações consumadas conflitar com a consciência. A não ser em caso de defesa, fuga ou evasão nas situações de risco, todas as outras ações deveria proceder ao pensamento, nunca o contrário.

Fugir à realidade é o mesmo que fugir à consciência e fugir à consciência é o mesmo que negar a responsabilidade da própria vida. Desta forma, a pessoa que vive conscientemente assume os prazeres e os desprazeres de suas realizações e de suas vivências. Não transfere o dolo de sua existência a outrem, pois apesar de às vezes ser desconfortável sabe que seu estado e condição atuais são responsabilidade sua.

A pessoa que vive conscientemente põe tudo que é no mínimo que faz. Envolve-se com sua dinâmica pessoal e com seus afazeres. Percebe-se a maior parte do tempo e, por isto, tem condições de regozijar com seus acertos e aprimorar aquilo que acredita possa melhorar, independentemente das críticas que recebe, tanto as positivas e construtivas quanto as nocivas e depreciativas, pois está com seu sistema imunológico mental fortalecido.

O mais importante, neste aspecto, não é manter forte esquema de autovigilância, antes, o mais importante é exercitar a consciência em relação à dinâmica íntima e pessoal. Viver conscientemente é ser agente de suas próprias vontades ao invés de perceber-se como vítima da vontade dos outros ou da própria circunstância. Isto faz aumentar o orgulho e respeito próprio, influenciando a qualidade da autoestima.

Para desenvolver e fortalecer o primeiro pilar da autoestima sugere-se estimular a atenção na própria pessoa. Criar dinâmicas ou jogos em que a pessoa possa observar a forma como fala, como anda, como se relaciona com outras pessoas, suas manias, suas virtudes, suas gafes. é importante rever o inventário de suas coisas prediletas: cores, músicas, flores, roupas, palavras, frases, pessoas, comidas, acessórios etc.

Pergunte a pessoa sobre o que terá de fazer para estar mais consciente em seu trabalho, em seus relacionamentos, em seus estudos, enfim, em seus momentos diários. Incentive-a fazer uma coisa de cada vez e a viver apenas um dia a cada 24 horas. A prestar mais atenção ao tempo imediato e aos movimentos do próprio corpo e das próprias palavras e atitudes, assim estará praticando a arte de viver conscientemente.

Na próxima segunda-feira falarei sobre o segundo pilar da autoestima, cuja essência principal é a atitude de estar a favor de si mesmo: a auto-aceitação.

Abraços,

Prof. Chafic Jbeili

Web cronista e editor do site Chafic.com.br

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Prof. Chafic Jbeili
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